Pressa e vontade de reduzir danos colaterais não devem deixar golpe do INSS impune

A conta inicial, estimada em R$ 3 bilhões, poderá dobrar de tamanho conforme indicam as mais recentes avaliações do Ministério da Previdência Social. Certo mesmo, e até agora, é que 3,5 milhões de aposentados e pensionistas bateram às portas do governo federal para reclamar de descontos feitos e sem a competente autorização, rapinagem que apesar das muitas evidências de sua existência não foi percebida ou contida. Feito o estrago que poderia ter sido evitado, se não pelo menos reduzido em suas proporções se considerados os alertas que chegaram a ser emitidos, a preocupação agora está concentrada em devolver o que foi tomado, processo que deve começar já no mês de julho.
Trata-se também de evitar, e conforme também já foi dito, a multiplicação de ações judiciais reclamando ressarcimento e que chegaram a 65 mil entre janeiro e maio passado. A hipótese de litigância massiva, tendo em conta que pelo menos 9,3 milhões de segurados tiveram descontos indevidos, poderia atrasar todo o processo, além de representar para a União encargos ainda maiores. Tudo isso e mais os danos políticos com reflexos indesejados nas avaliações do governo e, possivelmente, no ânimo dos eleitores na votação do próximo ano bastam para tirar o sono de muita gente.
Mas tanto a pressa quanto a vontade de reduzir danos colaterais não devem fazer com que o problema deixe de ser atacado no seu ponto mais crítico, precisamente as entidades e pessoas que patrocinaram o ataque em massa aos velhinhos dependentes da previdência social. Entidades que simplesmente não deveriam existir, todas elas absolutamente incapazes de exibir à luz do dia sua folha de serviços e, contatados seus malfeitos, absolutamente não devem ser beneficiadas com o esquecimento tão comum nestas ocasiões e nessas circunstâncias.
É na verdade muito mais que conter a hemorragia ou promover às pressas transfusões, ficando assim os verdadeiros vilões fora do alcance da Justiça, antes da própria polícia, e com o produto da rapinagem protegido por contas bem camufladas no exterior. O prêmio da impunidade, tão comum em casos pretéritos e envolvendo corrupção no espaço público, absolutamente tem que estar fora de questão. Bem ao contrário é fundamental que também neste plano esteja presente o senso de urgência, seja para identificar, segregar e proteger patrimônios alcançados, seja para que o desfecho tenha amparo de processos legais transparentes e bem conduzidos, resultando em condenações também exemplares.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Ouça a rádio de Minas