Privatização da Cemig e da Copasa: aprender com os erros pode evitar riscos para o futuro

Não foi sem alguma dose de surpresa que os meios políticos e empresariais mineiros receberam a notícia do encaminhamento à Assembleia Legislativa, pelas mãos do então governador em exercício Mateus Simões, dos projetos de privatização da Cemig e da Copasa. A respeito da matéria evidentemente há quem concorde e quem discorde, mas as opiniões convergem com relação ao encaminhamento da questão, deixando no ar a impressão de que assunto tão sensível depende, claro, de articulações políticas que não aconteceram. Daí o entendimento de que pode estar havendo excesso de otimismo com relação à possibilidade de que os leilões aconteçam no segundo semestre do próximo ano.
Poderia ter sido, avaliam outros, movimento deliberado exatamente para atropelar resistências e assim criar algo como que um fato consumado. Nessa hipótese, ação que só poderia merecer o patrocínio de quem não conhece a realidade ou é incapaz de perceber que mesmo que a Cemig, principalmente, tenha sido afastada, e faz tempo, de sua trajetória de absoluto sucesso e realizações que transformaram Minas Gerais, contribuição decisiva para a expansão da economia regional ou para até definição da modelagem do sistema elétrico brasileiro, a empresa prossegue tendo valor icônico para a maioria dos mineiros, algo que até certo ponto se repete também com a Copasa.
Quem verdadeiramente conhece as manhas da política mineira, que a rigor prosseguem intactas apesar das aparências, recomendaria outro tipo de abordagem para assunto que continua delicado e bastante sensível. São aspectos a ponderar, assim como a realidade objetiva. Para lembrar então que existem restrições formais à alienação das duas empresas, incorporadas à legislação estadual na gestão do ex-governador e ex-presidente Itamar Franco. Apagar o que está escrito, que ninguém se engane, é tarefa que demanda engenharia política que parece estar fora de alcance.
Levar à frente decisões tão delicadas quanto importantes para toda Minas Gerais exigiria igualmente observação mais atenta com relação às privatizações de concessionárias estaduais, muito em especial as de São Paulo e de Goiás, em que as piores previsões acabaram confirmadas e até superadas, a ponto de já se cogitar da revisão, se não anulação, de todo o processo. Não havendo porque imaginar, se não com uma dose descomunal de credulidade, que possa ser diferente agora, conhecer erros cometidos e com eles aprender pode ser conselho bastante sábio e oportuno para o governo mineiro.
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