Por que o projeto de trem ligando São Paulo a Campinas interessa a Minas Gerais

Vem de São Paulo a notícia de que o governo local, com participação da União e investidores privados, ultima preparativos para a construção de linha ferroviária ligando a capital à cidade de Campinas. Um percurso de 140 quilômetros que poderá ser vencido em uma hora. Espera-se que todas as obras estejam concluídas entre 2028 e 2031 e, se tudo correr conforme o esperado, abrindo espaço para projetos mais amplos, com ligações ferroviárias entre São Paulo e Santos, São Paulo e Sorocaba e São Paulo e São José dos Campos em integração com o serviços de metrô na capital.
A ideia geral é facilitar deslocamentos entre estas cidades com mais conforto e velocidade, ao mesmo tempo em que o sistema rodoviário seja desafogado. A primeira etapa do projeto, de São Paulo a Campinas passando por Jundiaí, transformará a região na maior área metropolitana integrada no País, com reflexos para além das condições de vida, em um processo de descongestionamento urbano com impactos relevantes também na economia. Por isso mesmo, os responsáveis pelo projeto acreditam que ele poderá se transformar em um novo modelo de ocupação dos grandes espaços urbanos no País.
Nada disso representa, a rigor, qualquer novidade, sendo necessário lembrar que o projeto que agora começa a sair do papel vinha sendo discutido há pelo menos duas décadas. Vital para a área mais densamente ocupada no País, poderá ser, de fato, um modelo ou ponto de partida para um novo e melhor conceito de mobilidade. Algo que se aplica, por óbvio, também à região metropolitana de Belo Horizonte e faz lembrar projeto mencionado no final dos anos 70, no século passado, pelo arquiteto e urbanista Jayme Lerner numa de suas visitas à capital mineira.
Para ele, a urbanização acelerada e desordenada gerou dificuldades bem conhecidas e que poderiam ser vencidas com algo como “uma descompressão”. No caso da Região Metropolitana de BH, ele sugeria a construção de uma linha de trem entre, por exemplo, Sete Lagoas e Itaúna passando por Belo Horizonte, com estações ao longo de todo o percurso. A “descompressão”, movimento oposto ao predominante, viria exatamente da possibilidade de deslocamento a médias distâncias, tornando perfeitamente possível alguém residir, por exemplo, em Itaúna e trabalhar ou estudar em Betim ou Belo Horizonte.
A ideia que nunca mereceu atenção continua válida e absolutamente interessante. E, portanto, como estão fazendo os paulistas, algo que deveria sair da gaveta antes que a ocupação desses espaços torne a intervenção mais cara e difícil. Só falta mesmo pensar grande.
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