Editorial

Qual será o legado da mineração para Minas Gerais?

Atividade segue sendo da mais alta importância para a economia regional e nacional
Qual será o legado da mineração para Minas Gerais?
Foto: Divulgação Mineração Morro do Ipê

Quando Pedro Álvares Cabral aportou nas terras brasileiras imaginando ter chegado à Índia deu pouca importância ao acontecido e seguiu viagem depois de cumprido os rituais próprios da navegação à época. Foram precisos 100 anos e só depois que os espanhóis imaginaram ter chegado ao Eldorado, que a situação começou a mudar e outros 100 para que, nas terras das Minas Gerais, descobertas de ouro mudassem o curso dos acontecimentos. E a mineração ficou impregnada na história e na economia do País, mas num processo de mera transferência de riquezas, situação que no essencial pouco mudou.

Hoje a mineração, agora principalmente de minério de ferro, prossegue sendo atividade da mais alta importância para a economia regional e nacional, colocando o País entre os maiores produtores mundiais e ajudando – muito – a compor seus excedentes comerciais. No entanto, a acumulação de riquezas proveniente dessas atividades continua acontecendo fora dos limites territoriais do País, num desbalanço de ganhos que deveria estar incomodando tantos quantos se deem conta da situação. Porque, simplesmente, numa perspectiva de futuro não estamos produzindo riquezas, estamos produzindo um grande e preocupante vazio.

Como temos dito neste espaço, cabe reverter a situação, dar cabo, afinal, da lógica dos colonizadores. E para usar um termo bem atual, indagar qual será, muito especialmente para Minas Gerais, o legado da mineração. E diante da pergunta, cresce de importância o projeto de lei apresentado à Câmara dos Deputados pela Frente Parlamentar da Mineração Sustentável que Institui a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos vinculado ao Conselho Nacional de Política Mineral. Explicam e justificam a inciativa de um lado o alto volume de minerais existente em território brasileiro e a perspectiva de significativo aumento na demanda por minerais no planeta nos próximos anos, impactando na mesma escala as atividades extrativas, com evidências de que a oferta pode não acompanhar a demanda.

Estamos diante, portanto, de uma janela de oportunidades para o Brasil, desde que os mesmos erros, ou a mesma indiferença, do passado não se repitam. Precisamos ter consciência do valor econômico e estratégico dessas reservas e, consequentemente, dar um outro sentido à sua exploração que deve deixar de ser predatória para que se cumpram, finalmente e a nosso favor, os sonhos dos primeiros colonizadores. Hora de pensar no legado da mineração para tratar de construí-lo.

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