Editorial

Antes tarde do que nunca: recomposição de danos para vítimas do golpe do INSS deve ser monitorada

Nos próximos dias, deve ocorrer o anúncio da escala de pagamentos, a partir de recursos do Tesouro Nacional
Antes tarde do que nunca: recomposição de danos para vítimas do golpe do INSS deve ser monitorada
Foto: Adobe Stock

O governo federal agora tem a pressa que faltou quando pela primeira vez tomou conhecimento de que aposentados e pensionistas do INSS estavam sendo alvo de uma rapinagem em escala industrial. Deu tempo ao tempo, preferiu talvez fingir que não estava enxergando e agora convive com o constrangimento de um rombo que deve ter passado de R$ 6 bilhões e, pior, tendo como vítimas alguns milhões de velhinhos. Tanto pior, correndo o risco de ser cobrado na boca das urnas na eleição do próximo ano. Assim é que está sendo prometido para os próximos dias anúncio da escala de pagamentos, ou recomposição dos danos, o que será feito com recursos a serem cobertos pelo Tesouro Nacional.

Mas a viúva , por suposto escaldada, não deve herdar mais esta conta.

Quem garante é o advogado-geral da União, Jorge Messias, para quem o governo não pode ficar esperando de braços cruzados os aposentados serem ressarcidos pelas entidades que patrocinaram os descontos indevidos, cobrindo o rombo, adiante, através da venda de bens bloqueados. Certamente não será o suficiente, restando a esperança de que o que faltar possa ser tomado diretamente das entidades que patrocinaram a fraude. “O que não podemos é pagar os aposentados e não ter condições de ter o ressarcimento garantido para os cofres da União, emenda o advogado-geral. E a viúva respira aliviada, mesmo sem acreditar plenamente na solução alinhavada.

Se agora é para valer, se não estivermos mais uma vez diante de jogo de cena destinado a promover apenas resultados eleitorais e esquecimento, cabe recomendar desde já que quem cuida do assunto tenha o rigor que faltou no passado. Em primeiro lugar para não deixar que os bens tomados tenham o destino tão comum de acabar transformados em sucata sem qualquer valor. Não pode faltar agilidade nos trâmites, tampouco disposição para impedir que manobras judiciais acabem empurrando tudo para o esquecimento. E o mesmo vale também para os tais sindicatos e associações, com cuidadoso rastreio de seus ativos, assim como das pessoas físicas que, tudo indica, transferiram muito dinheiro para o exterior.

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Nada que não possa ser feito, e com sucesso, desde que realmente haja disposição e que a promessa do advogado-geral, todo o empenho revelado agora, seja de fato mais que teatro e conveniência. Claro que o mal feito está consumado, mas continua sendo possível evitar que tudo azede ainda mais. Para aposentados e pensionistas, que perderam do pouco que tem e não podem esperar; para quem promoveu o ataque aos bolsos dos velhinhos e certamente não merece a pena de um exílio dourado no exterior; e para quem faltou ao dever elementar de cumprir suas obrigações e não ceder à tentação da corrupção.

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