Recuperação de lagoa de Furnas pode trazer ganhos futuros relevantes

A usina de Furnas, segunda maior hidrelétrica no País e espécie de eixo do sistema elétrico nacional, nasceu na Cemig e como um projeto mineiro que o Estado não soube defender, assim acabando por de certa forma perdê-lo. Interesses maiores, encastelados no Rio de Janeiro, então sede do governo federal, perceberam a importância estratégica, econômica e política do projeto e cuidaram de retirá-lo da órbita da Cemig, para isso criando uma nova empresa de economia mista com sede no Rio de Janeiro. Minas Gerais perdeu e perde muito, numa espécie de acomodação, ou até imprevidência, que na mesma época se repetiu com a então Companhia Vale do Rio Doce. Uma empresa concebida e gestada em Minas, viabilizada por lideranças locais e destinada a dar escala à extração de minério de ferro nas reservas de Itabira, então as maiores no mundo, mas que igualmente acabou com sede no Rio de Janeiro.
Tudo isso significou perda de prestígio e de influência no cenário nacional, além de prejuízos de monta no que toca à arrecadação de tributos. Hoje, fatos consumados, mas que ainda assim devem ser percebidos como lição. Deixar de aprender e consequentemente mudar de atitude, possivelmente seria a maior perda. Minas Gerais precisa e deve, simplesmente, saber melhor defender o que é seu ou saber reclamar mais justa e adequada retribuição. Algo a ser lembrado agora e sempre não como simples expressão de arrependimento ou nostalgia. São observações que nos ocorrem neste momento a propósito de notícias de que o Ministério de Minas e Energia deve liberar recursos da ordem de R$ 340 milhões para obras de recuperação da lagoa de Furnas, maior lago artificial no País e também conhecido como o mar de Minas.
São obras necessárias e faz tempo reclamadas pelas prefeituras do entorno, voltadas para saneamento básico e recuperação de áreas degradadas e nascentes basicamente. A ideia central é garantir, ou recuperar, a integridade do lago, sua profundidade e qualidade das águas. Ao longo de aproximadamente 70 anos será esta, se efetivamente consumada, a primeira intervenção de grande porte, o que bem pode ser visto como outra medida de indiferença e desalinhamento com relação aos interesses da região e do Estado, situação que possivelmente não existiria caso o centro de comando e decisões de Furnas estivesse mais próximo.
Daqui para frente é preciso atenção com relação ao cumprimento do cronograma agora anunciado e que estará a cargo da Eletrobras. Serão, afinal, benefícios para a população impactada e, sobretudo, estímulos à consolidação e expansão do polo turístico que se desenvolveu no entorno do lago de Furnas. Hoje com expressão apenas regional, existem ali condições tanto de localização quanto da própria atratividade que permitem enxergar seu crescimento em escala nacional. Para assinalar, talvez, que se não há como se recuperar de perdas passadas é possível pelo menos enxergar ganhos futuros relevantes.
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