Renovação da concessão da FCA pode ser oportunidade para ampliar o transporte ferroviário no Brasil

Fontes confiáveis de Brasília dão como certo que a concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), que vence em agosto do próximo ano, será renovada por mais 30 anos. Os termos do novo acordo já estariam definidos e devidamente acertados entre as partes, estabelecendo entre outros pontos que da atual concessão de 7.220 quilômetros o novo contrato englobará 4.138 quilômetros, devendo ser devolvidos à União os restantes 3.082 quilômetros. Acertada a renovação, inclusive com antecipação de pagamentos, é importante que sejam também conhecidos – e bem discutidos – os termos negociados pela elementar razão de ser a FCA peça-chave na infraestrutura logística do País.
Estamos, sim, falando do presente, mas é preciso considerar, sobretudo, o futuro e a partir do reconhecimento de que o País cometeu um enorme erro ao priorizar o transporte rodoviário sobre rodas e ao mesmo tempo desmantelar quase que por completo a rede ferroviária. Fez o que nunca deveria ter sido feito, percorreu o caminho inverso ao seguido pelos países industrializados, mas não há porque persistir no erro. Correção que, entendido que o modelo de concessões é a resposta possível à falta de recursos públicos para investimentos diretos, demanda entendimento e visão mais abrangentes.
E tudo isso porque deveria estar suficientemente claro e assim entendido que não faz sentido investir na recuperação e/ou na ampliação da malha ferroviária simplesmente para garantir que o modal seja exclusivamente destinado à movimentação de grãos e de minérios. É o mesmo que não olhar para frente, não entender que seria mais interessante – e sob todos os aspectos – movimentar também cargas gerais, hoje predominantemente com a utilização de contêineres e, claro, claríssimo, também transportar passageiros. Não há mínima racionalidade no uso predominante, quase exclusivo na verdade, de ônibus rodoviários, detentores de um quase monopólio no País, com prejuízos econômicos, e segurança e conforto que são mais que evidentes.
Ainda há pouco, comentando o atraso – ou seria na verdade abandono? – no início das obras da Ferronorte, levantamos a mesma questão, demonstrando que mobilidade eficiente num país com as dimensões do Brasil demanda utilização integrada, mais inteligente, de todos os modais, rodoviário, ferroviário e aquaviário. Caberia acrescentar que também não faz o menor sentido que as composições em trânsito retornem vazias.
Aceitar que possa ser assim é o mesmo que abonar equívocos que ajudam a explicar porque no Brasil o futuro prossegue sendo adiado.
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