Editorial

Resultados indesejados da alta de juros

O mercado, aquele que não tem nome nem endereço, mas se confirma poderoso, venceu mais uma vez
Resultados indesejados da alta de juros
Crédito: Reprodução Adobe Stock

Como alguém já cuidou de observar, foi a repetição da crônica da alta anunciada com uma sucessão de movimentos bem ensaiados, tudo para criar um clima em que a elevação da taxa de juros aparece como único remédio adequado e ao alcance. O mercado, aquele que não tem nome nem endereço, mas se confirma poderoso, venceu mais uma vez, deixando como resultado a decisão do Conselho de Política Monetária do Banco Central, o Copom, de elevar mais uma vez a Taxa Básica de Juros. Agora para 13,25% ao ano, com um ponto percentual a mais, garantindo para o Brasil a nada agradável condição de detentor da segunda maior taxa de juros no planeta.

Difícil mesmo parece ser perder de perspectiva o fato elementar de que se o remédio fosse bom, adequado como sugerem os que tiram proveito da situação, o paciente estaria curado faz tempo. Muito tempo, com toda certeza o suficiente para melhor compreensão da realidade. Ou, mais precisamente e conforme voltou a assinalar o presidente da Federação das Indústrias de Minas, Flávio Roscoe, que manifesta grande preocupação com o fato de que “a elevação da Selic a níveis tão altos tende a restringir investimentos produtivos, aumentar os custos de produção e reduzir a competitividade da indústria, especialmente num contexto em que o custo Brasil já é excessivamente alto, com gargalos logísticos, carga tributária elevada e credito caro”.

Preocupações elementares, comuns àqueles que têm compromisso efetivo com produção e geração de empregos, mas ainda insuficientes para inverter a lógica que só pode fazer sentido, só pode interessar aos que vivem do ganho financeiro ou da mera especulação. Gente que também não entende como e porque crescimento econômico, aumento do consumo e da renda deixam de ser vistos como fatos auspiciosos e, sim, como ameaça. Gente que também aponta que o tal “freio de arrumação” pode, na prática, inibir consumo, investimentos e produção além do necessário.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, Marcelo de Souza e Silva, também se mostra preocupado. Juros mais altos por mais tempo e com previsões de que a escalada prosseguirá pesam no bolso dos consumidores, pesam no consumo, inibem a economia. Precisamente o risco de que o remédio acabe por se transformar em veneno, numa reação em cascata da qual só se pode esperar resultados contrários ao desejável.

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Resumindo para concluir, nada que possa fazer sentido, não pelo menos para quem acredita que as respostas saudáveis viriam necessariamente do crescimento econômico, nunca do contrário.

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