Continuidade dos bons resultados da Petrobras depende da política de investimentos

No auge das investigações patrocinadas pela finada Operação Lava Jato houve quem afirmasse que a corrupção levara a Petrobras à lona, depois de saques que chegariam à casa dos bilhões de dólares. Não foi precisamente o que aconteceu, com a empresa em pouco tempo voltando a exibir toda a sua vitalidade e sem que os investidores, externos principalmente, que chegaram a cobrar compensações igualmente bilionárias, tivessem efetivamente do que reclamar. Cabe lembrar que já em 2022 a empresa ocupava o segundo lugar na lista dos maiores pagadores de dividendos no planeta. No ano seguinte não figurou na lista dos 20 maiores pagadores de dividendos elaborada pela consultoria Janus Henderson e agora aparece em 13º lugar com pagamentos de US$ 4,1 bilhões, ou R$ 23 bilhões, apenas no segundo trimestre de 2024.
São avaliações feitas a cada três meses, envolvendo 1,2 mil empresas em todo o mundo e o resultado mais atual, em que a Petrobras volta a aparecer, revelou também recorde na remuneração a acionistas, ou um total de U$ 606 bilhões distribuídos em todo o mundo. Sobre a Petrobras, cabe recordar que o assunto foi tema da campanha eleitoral de 2022, quando os dois principais candidatos criticaram a distribuição de dividendos que fizeram da empresa, naquele ano, a segunda maior pagadora no planeta. Uma situação que levou o atual governo a reduzir de 60% para 45% a parcela do fluxo de caixa livre destinada a esta conta, o que mais tarde levou à demissão do presidente Jean Paul Prates depois de sugerir, em 2023, que fosse feita a distribuição de todo o lucro excedente. A questão não está de todo resolvida, o que se espera que aconteça até o final do exercício.
Mas certo é que os resultados financeiros alcançados pela Petrobras, bem distantes do que era previsto faz tão pouco tempo, refletem desempenho acima da média, inclusive da indústria petrolífera, além da robustez da própria empresa, o que só deve ser motivo de contentamento para seus acionistas. Entendimento que por suposto é comum aos que não são imediatistas e sabem que a continuidade de bons resultados dependerá também da política de investimentos da empresa. Eis o que verdadeiramente estará em jogo como consequência da opção entre elevar o pagamento de bônus aos acionistas ou, diferentemente, garantir a continuidade de investimentos que permitam à Petrobras manter e ampliar suas atividades.
Um dilema que, na perspectiva dos interesses do País, não deveria existir, tanto quanto não deveriam ter existido todas as manobras que visaram obstar mais que apenas o sucesso da Petrobras e sim a garantia de políticas que são essenciais à própria soberania nacional. É o que verdadeiramente está em jogo, é o que deve ser entendido e defendido.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Ouça a rádio de Minas