Editorial

Retomada das reformas estruturais são o caminho para soluções

País pode estar se aproximando de caminhos mais largos, se afastando dos arranjos até então propostos
Retomada das reformas estruturais são o caminho para soluções
Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil

Conversas já um tanto antigas, além de importantes, voltaram a ocupar atenções em Brasília. Estamos falando das reformas estruturais, aquelas mesmas apresentadas como desdobramento do Plano Real e destinadas a dar à estabilidade monetária musculatura capaz de garantir crescimento econômico contínuo e acelerado. Ideias esquecidas e que ajudam a explicar os percalços com que o País conviveu nas últimas décadas e que agora voltam à mesa, mesmo que desidratadas, por iniciativa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Como devem saber os leitores, os tropeços resultantes da tentativa de chegar ao que chamam de centro da meta fiscal, ou o déficit zero, pelo atalho da elevação do IOF, levaram a novas propostas guardando alguma semelhança com a ideia original.

Nessa linha, aparentemente com as simpatias do Legislativo, o País pode estar se aproximando, ainda que por vias tortas, de caminhos mais largos, das soluções e não mais dos arranjos. Cabe esperar que diante do impasse das últimas semanas, novas portas tenham de fato sido abertas, no entendimento de que alguma convergência política é caminho único para respostas se não definitivas pelo menos mais duradouras. E com o entendimento, também já apontado neste espaço, de que as mudanças têm que ser bem mais amplas, sendo preciso mais que tapar buracos, como agora, evitar que outros sejam abertos, o que no final das contas significa andar em círculos, sem destino, sem rumo.

Dessa incômoda e insustentável realidade nos dá conta a revelação, ainda recente, de que no Senado e na Câmara dos Deputados existem mais de duas centenas de funcionários ocupantes de cargos obsoletos, como operadores de máquinas, agentes de encadernação, seja lá o que isso possa significar, e até ascensoristas, com salários de até R$ 32 mil, mantidos em suas posições por conta de “direitos adquiridos”. São concursados, têm mais de 25 anos de trabalho e só a morte os afastará. Mesmo que seus cargos tenham sido formalmente extintos e que suas funções sejam hoje ocupadas por trabalhadores terceirizados. Uma amostra ilustrativa.

E absurdos que não resistem à mínima racionalidade, assim como sua manutenção nos ajuda a compreender como e porque a máquina pública está gorda e tão cara, com as soluções como as que agora estão sendo apresentadas e discutidas tenham alcance limitado e temporário. O tamanho do problema nos aponta também as proporções demandadas por soluções que sejam pelo menos mais duradouras. Precisamente na linha das reformas que ganharam pelo menos novos espaços para reflexão.

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