Reunião do G20 no Rio tem que escancarar insanidades

Dentro de uma semana estarão reunidos no Rio de Janeiro chefes de Estado e ou representantes graduados das 20 maiores economias do planeta. Mais uma reunião de cúpula que se propõe a redefinir estratégias sustentáveis para a economia global e ao mesmo tempo diluir desigualdades que vêm sendo ampliadas dolorosamente desde a metade do século passado. Foi quando, encerrada a Segunda Grande Guerra, os vitoriosos entenderam que, para o futuro seria necessário mais que impedir conflitos de proporções tão amplas, assegurar que a paz, que então se imaginava definitiva, fosse assentada na autodeterminação dos povos, na liberdade e numa interação mais equilibrada, além de justa, nas relações econômicas.
Metas ambiciosas que nunca foram alcançadas e que agora serão mais uma vez colocadas, com a Reunião de Cúpula e tendo como tema central a redução da pobreza planetária e das diferenças consequentes. Nessa linha, o Brasil apresentará como proposta um grande programa de erradicação da fome, que já conta com a importante adesão dos Estados Unidos. Essencialmente, nada muito diferente de tudo o que foi dito ao longo dos últimos 70 anos, período em que o desequilíbrio estrutural foi reconhecidamente acentuado, da mesma forma que a concentração da renda.
Para que possa ser diferente, relevantemente diferente para o planeta, será preciso bem mais que a apresentação de boas intenções e boas ideias, esquecidas desde o momento que os holofotes desses encontros são apagados. Caberia reconhecer, isto sim, que a economia global está bem próxima se não já numa condição de disfuncionalidade. Um jogo, portanto, de perdedores e para perdedores, num horizonte em que não pode haver espaço para crescimento, ampliação da produção, do consumo e da renda, num ambiente em que o peso da miséria rapidamente pode chegar a um ponto insuportável. A todos os títulos, algo que não faz qualquer sentido e muito menos ainda quando é conhecida a proporção dos gastos militares que no ano passado se aproximaram dos U$ 3 trilhões.
Uma completa insanidade que não tem justificativa, muito menos defesa que possa parar de pé. Uma realidade que deveria ser escancarada, límpida e transparente, na Reunião de Cúpula que proximamente se realizará no Rio de Janeiro. Quem sabe para levar ao entendimento, também claro e transparente, de que mudar, e mudar muito, pode até não ser visto como óbvio resguardo de valores essenciais, defesa dos menos favorecidos e mais frágeis. Afinal, para os senhores do mundo poderá ser também mera questão de sobrevivência.
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