Editorial

Revolução silenciosa pode evitar o desperdício e alimentar quem passa fome

Diante de grande vocação do País, desafio é destinar os alimentos pra quem mais necessita
Revolução silenciosa pode evitar o desperdício e alimentar quem passa fome
Crédito: Reprodução Adobestock

Comemora-se em Brasília a redução da parcela da população que não tem acesso a padrões mínimos de nutrição, conforme as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Um feito que guarda proximidade, relação de causa e efeito com o programa Fome Zero, graças a qual o Brasil chegou a ser enquadrado no grupo de países capazes de garantir segurança alimentar ao conjunto da população, posição perdida adiante e que vai sendo aos poucos reconquistada. Em termos de políticas sociais, de resposta do Estado às demandas – e direitos – dos mais carentes, é o mínimo a ser feito.

Nessa direção, e sem desconsiderar que quem não tem acesso a nutrição adequada pode não sobreviver para esperar, certamente existem meios em modos de reduzir o tempo, dando vida a boas ideias que surgem de tempos em tempos, mas que por razões variadas não ganham forma. Caso elementar, quando o assunto está em pauta, do desperdício. Segundo dados internacionais e que se aplicam também ao País, os alimentos desperdiçados nas diversas etapas, desde o plantio até a mesa, bastariam para garantir, e com sobras, que ninguém passasse fome. Vale para o planeta, vale para o Brasil, onde, não faz muito tempo, voltou a ser lembrado em alimentos processados, em restaurantes, por exemplo, são, por obrigação legal, inutilizados e descartados. Terminam no lixo o que não deixa de ser também mais uma forma de agressão aos que têm fome.

Argumenta-se que estes alimentos podem estar impróprios para consumo e, se doados a terceiros, representariam riscos, criminais inclusive, para o doador. Mais simples, mais fácil e menos arriscado jogar fora. Falou-se em mudar, em assegurar que bocas famintas pudessem ser saciadas, sem prejuízo dos cuidados devidos. Algo como uma revolução silenciosa, capaz de mudar muito em pouco tempo e sem custos, mas que não aconteceu. Vitória do comodismo, da burocracia ou da indiferença, mais provavelmente tudo junto. E da mesma forma que perdas ainda maiores, que acontecem na colheita, no armazenamento e no transporte, fazendo do Brasil duplamente campeão, na produção e no desperdício de alimentos.

Está demonstrado e comprovado que tudo isso poderia mudar, com resultados imediatos e bastante positivos, a custos insignificantes. Só parece estar faltando mesmo a vontade de acertar.

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