Editorial

Riscos da escalada

Escalada da violência no Rio evidencia uma realidade que precisa e deve ser confrontada no Brasil
Riscos da escalada
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

Os avanços do dito “crime organizado” no País são tão notórios quanto objeto de preocupação para tantos quantos sejam capazes de avaliar as proporções dos riscos e das ameaças que tal realidade impõe. A escalada, conforme já foi dito e repetido neste espaço inúmeras vezes, evidencia uma realidade que precisa e deve ser confrontada nos termos que a própria ameaça impõe. Já não estamos, simplesmente, diante de mais um caso de polícia ou de infrações a serem contidas no âmbito do Judiciário. A própria ocupação de grandes áreas urbanas, nas hoje chamadas comunidades, em que o Estado não mais tem acesso ou qualquer poder real, indica uma situação de conflito aberto, uma guerra que perdura e ganha proporções que até há pouco seriam inimagináveis.

As tais facções chegaram ao asfalto, ocupam espaços crescentes nos negócios e mesmo na vida política, barrando ou patrocinando, escancaradamente, candidaturas e até mandatos. Não são mais riscos ou ameaças, mas sim a realidade materializada e a ponto de, como acaba de acontecer, provocar reações e medidas cautelares do sistema bancário. Em bom português, para tentar conter processos de lavagem de dinheiro ou de abastecimento. Secar as fontes para assim desidratar as linhas de frente da criminalidade.
As medidas anunciadas nesta semana pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) explicita o entendimento de que o sistema bancário precisa e deve ser mais cuidadoso, não permitindo que contas irregulares sejam abertas e movimentadas. Trata-se de impor disciplina e vigilância que desfavoreça a criminalidade, mas que também ajudem a conter fraudes que se multiplicam e fazem dos avanços tecnológicos mais uma carga de ameaças que propriamente de benefícios. Se houver disposição efetiva, plena compreensão de obrigações naturais, o sistema bancário, que no caso brasileiro se gaba de ter alcançado os melhores e mais avançados níveis de automação, sai da zona de conforto para simplesmente atender melhor tanto à clientela quanto seus deveres.

Tudo isso, claro, em sintonia com os esforços que vêm sendo realizados sob guarda-chuva da Polícia Federal com resultados positivos no sentido de identificar e neutralizar atividades criminosas que já parecem reproduzir procedimentos que remetem às antigas máfias, muito em especial a italiana. Conter este processo explicitaria, para a sociedade, não mais que instinto de sobrevivência.

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