Editorial

Rodovia do Minério pode ser solução para um problema que tem que ser atacado de frente

Trata-se de uma via imaginada para ser fechada, exclusiva para circulação das carretas carregadas de minério
Rodovia do Minério pode ser solução para um problema que tem que ser atacado de frente
Foto: Alessandro Carvalho Diário do Comércio

A ligação rodoviária entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte pode ser dividida em duas metades, ainda que não exatamente iguais. O trecho inicial, do Rio a Juiz de Fora, foi a primeira rodovia pavimentada no Brasil, a antiga “União e Indústria”, cuja construção trouxe ao país engenheiros e operários alemães que, mais tarde, tiveram grande importância para a economia da região. A rodovia, seguindo no rumo de Belo Horizonte, só recebeu pavimentação bem mais tarde, nos anos 60, permanecendo inconclusa a duplicação, o mesmo acontecendo com o trecho que segue na direção de Brasília.

Muita coisa mudou nestes anos e não apontamos apenas o aumento no número de veículos em circulação ou nas suas características técnicas, um tanto impróprias para o traçado antigo. Mudou também, e muito, o tipo de cargas movimentadas, algo de especial significado no trecho entre Belo Horizonte, ou Itabirito mais precisamente, e Conselheiro Lafayette. Cortando o chamado Quadrilátero Ferrífero, a antiga BR-3, agora BR-040, foi transformada em via quase exclusiva para o transporte de minério de ferro, ou mais uma daquelas aberrações que resistem à logica e ao bom senso, sem que se curvem sequer aos riscos embutidos, fazendo do trecho campeão em acidentes fatais entre as rodovias que cortam Minas Gerais.

Mais um daqueles problemas que já poderiam ter sido superados e faz bom tempo. As próprias mineradoras usuárias do percurso se propuseram a construir estrada paralela, fechada para uso exclusivo de carretas, mas a ideia não prosperou, entre outras razões, ao que consta, por conta de interferências de ambientalistas. Absurdo dos absurdos e que volta agora ao foco de atenções por conta de propostas apresentadas por exigência do Ministério Publico.
Pode ser um avanço, pode ser o caminho da solução, mas pode ser também apenas um movimento protelatório. Fala-se, por exemplo, na criação de faixas exclusivas, o que só pode soar mal para quem de fato conhece o problema.

Fica no ar a impressão de que possamos estar diante de mais um “jeitinho”, mais um movimento de faz-de-conta para quem se lembra que, na realidade, estamos falando da “Rodovia do Minério”, de uma via imaginada para ser fechada, exclusiva para circulação das carretas carregadas de minério, tal como proposto inicialmente pelas próprias mineradoras.

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Resumindo para concluir, as propostas que começam a ser discutidas, inclusive a prometida pela concessionária do trecho, demandam máxima atenção do Ministério Publico e só devem merecer endosso se, de fato, apontarem na direção de um problema que tem que ser atacado de frente.

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