Sanções dos EUA ao Brasil se tornaram um jogo sem regras

Embora o tiroteio patrocinado pelo presidente Donald Trump pareça aleatório, o que não deixa de ser verdade, é igualmente certo que o Brasil apareça como um dos alvos preferenciais. Nada que deva, objetivamente, ser confundido com preferências bem pessoais em que um ex-presidente aparece com destaque e por conta de supostos pruridos libertários que não resistem a análises objetivas, muito menos à verdade pura e simples. Uma escolha de conveniência e algum apelo, porém não o bastante para esconder a verdade, esta situada num plano bem superior. Melhor então pensar na estratégia para fazer a America great again.
Trata-se, essencialmente, de reconquistar o terreno perdido para a China e é precisamente nesse contexto que o Brasil entra em cena, a julgar por alguns dos movimentos do inquilino da Casa Branca, além de questões como conter os avanços dos Brics, que já representam 40% da economia global, especialmente a proposta de utilizar moeda própria em transações comerciais. Deslocar o dólar de sua posição seria, sim, algo como uma ferida mortal para os Estados Unidos. Tanto quanto seria preciso, de uma forma ou de outra, impedir que um país do porte do Brasil se incline em direção oposta àquela ditada pelos interesses norte-americanos. Mesmo que o propósito verdadeiro seja independência e autodeterminação, algo bem distante da ideia de escapar de uma tutela para cair em outra.
Na perspectiva exclusiva de tudo aquilo que de fato possa interessar ao Brasil, não na medida estreita de interesses particulares ou meramente políticos, autonomia verdadeira, entendida como capacidade de responder plenamente às suas necessidades vitais para assim assegurar independência, igualmente surge como ameaça. Ainda que a falta de medida, ou até de elementar bom senso, faça parecer justamente o contrário, tudo com eficaz ajuda de uma bem montada e eficaz estrutura de propaganda e convencimento.
Entender o que se passa é fundamental também para que o governo brasileiro não caia na armadilha e nos riscos de um debate que pode ser meramente provocativo, além de rasteiro. Perdidas, deixadas de lado ou ignoradas, as mais elementares referências da diplomacia, é preciso que todos os cuidados sejam redobrados. E que não falte também precisa compreensão de que questões comerciais e de negócios podem ser resolvidas à parte e com interferência dos agentes econômicos que, nos Estados Unidos, também estão sendo afetados, por sinal com perdas ainda maiores que as nossas.
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