Segurança pública ainda é a maior preocupação do brasileiro, mas bom senso faz falta

Pesquisas de opinião, notadamente aquelas feitas em período eleitoral, têm colocado, e sistematicamente, a segurança pública dentre as maiores preocupações dos brasileiros. Resultado previsível e reflexo de uma realidade bem conhecida, a cada dia que passa mais ameaçadora. Espaços públicos, em constante expansão, dominados por facções criminosas e onde o Estado fica totalmente à margem do poder reconhecido, que ironicamente se apropriaram até mesmo dos serviços locais de policiamento e segurança, não raro também com sua própria justiça.
Uma escalada que alcançou proporções de guerra aberta e não declarada, e em que o desequilíbrio de forças é evidente, pendendo para o lado errado. O tráfico de drogas parece ser hoje apenas uma das faces, ou ramificações, do crime organizado e de facções que têm suas raízes nas penitenciárias, hoje aparentemente com ramificações em todo o País. Além de assumir atividades legais, como comprovadamente transporte coletivo em cidades como São Paulo, num processo que claramente imita as máfias italianas. E como já foi dito neste espaço, nada que possa ser revertido a partir das forças policiais convencionais, com seus métodos e aparato também convencionais.
Uma guerra demanda resposta neste nível, para além, muito além, do que se pode e deve esperar das polícias municipais ou estaduais. Uma questão técnica, estratégica, e que assim deveria estar sendo tratada, sem espaço, portanto, para ingerências políticas que são de todo inapropriadas e inconvenientes. Precisamente como está acontecendo com reações provocadas pelas disposições do Ministério da Justiça, que regula o uso de forças policiais em todo o País, visando fundamentalmente sua integração e ampliando espaços legais para o concurso de contingentes militares. Não existiria, neste processo, conforme já apontaram estudiosos e especialistas, nenhuma novidade relevante e, mais, nenhuma quebra das relações federativas, conforme alegado. Trata-se de encarar o problema como ele se apresenta, para além, muito além, do espaço dos municípios e dos estados. E a busca de mais sintonia, integração, que se já existissem certamente teriam bastado para que a situação não chegasse ao ponto a que chegou.
Pensar e agir diferente equivale ao oposto de tudo aquilo que o bom senso recomenda que seja feito, é reflexo de uma visão bastante limitada, se não tendenciosa, da complexidade, gravidade e tamanho do problema a enfrentar. Só cabe esperar, portanto, que as resistências, certamente reflexo de uma visão política um tanto acanhada, possam ser quebradas, abrindo-se assim espaços para que o interesse público seja colocado, de fato, em primeiro plano.
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