É preciso separar o joio do trigo nas investigações da tentativa de golpe contra Lula

No bojo das investigações da Polícia Federal sobre manobras visando impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a eleição de 2022, apurou-se que o “agronegócio” teria ajudado a financiar atividades ilícitas. Especificamente, segundo palavras de um dos envolvidos, oferecido dinheiro, supostamente R$ 100 mil, entregues em uma bolsa de vinho e destinados a bancar atentados. É o que consta do inquérito hoje em mãos do Supremo Tribunal Federal (STF). Não foi essa a primeira vez em que “o agronegócio” foi associado a atividades da extrema direita. Em mais de uma ocasião o mesmo aconteceu, especialmente na organização e manutenção dos acampamentos montados em frente a quartéis do Exército e pedindo explicitamente a consumação de um golpe de Estado.
Generalizações são sempre arriscadas e impróprias, além de injustas, e tudo faz crer que estejamos diante de mais um desses casos. O agronegócio ganhou nas últimas décadas posição ímpar e decisiva na economia brasileira, sendo suficiente lembrar que suas atividades, e seu sucesso, permitem afirmar que o Brasil tem hoje posição decisiva na tarefa de alimentar o planeta. Sem este retumbante sucesso, dificilmente o País teria conseguido enfrentar os maus ventos que sopraram sobre a economia nos últimos anos e teria mergulhado numa recessão de insondáveis consequências. Esta é a melhor e a verdadeira face do agronegócio brasileiro, que também vem se destacando e assombrando o mundo pelos padrões de excelência que alcançou.
Extremistas, aqueles que podem ter ajudado a pagar a conta das ilicitudes de 2022 e na sequência o 8 de janeiro, estão distantes de representar o conjunto e assim não podem ser tomados. Seria na realidade pequeníssima minoria e nada representativa, daí a necessidade de cuidado, muito cuidado, com generalizações. O que se deve esperar é que, tendo vindo a público a acusação, ao que consta apurada a partir de depoimento de um militar, que a Polícia Federal apure e revele com a mesma diligência, de onde e de quem precisamente veio o dinheiro. Para separar o joio do trigo, para que se produzam as consequências devidas, tudo dentro do processo legal.
É o que se espera e é também obrigação elementar dos acusadores para que a verdade venha a lume na sua precisa extensão, para que a generalização, sempre imprópria, seja corrigida. Sobretudo para que a imagem do agronegócio brasileiro, mais que no passado um dos pilares da economia do País, seja prontamente recolocada no seu devido lugar.
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