Editorial

Siderurgia perde fôlego

Siderurgia perde fôlego
Crédito: Stringer/Reuters

Os fatos confirmam previsões negativas com relação ao desempenho do setor siderúrgico no País e ameaças representadas pela importação de aço chinês. Relata a Gerdau, empresa de origem gaúcha, presente em Minas e de importância global, queda de 45% no lucro líquido do quarto trimestre do ano passado sobre igual período do ano anterior. Diante da situação a empresa está se reposicionando, com medidas de contenção, redução de pessoal e investimentos, num quadro em que a possibilidade de “deixarmos temporariamente algumas capacidades fechadas”, conforme relatado a este jornal, é considerada.

A Gerdau, à semelhança dos demais players do setor no País, inclusive a mineira Usiminas, tem alertado que não é possível competir com o aço importado da China e de outros países asiáticos e cobra atitude do governo. Ou, como já fizeram outros países, que seja aplicada sobre tais importações alíquota de 25%.

Se não têm como competir, se a concorrência é comprovadamente desleal, a primeira providência é reduzir a oferta e ao mesmo tempo congelar planos para o futuro. Objetivamente e ainda tomando o exemplo dos gaúchos da Gerdau, anunciam que consideram com simpatia a possibilidade de expansão de negócios no México, onde o ambiente seria mais favorável e no Brasil deslocam aplicações, que devem chegar a R$ 6 bilhões no exercício corrente, para o setor de mineração, com foco nas operações em Minas Gerais.

Simbolicamente, ou mais que isso, e no momento em que políticas públicas visando à retomada do crescimento econômico em tese buscam neutralizar a desindustrialização em curso no País, continuamos diante de um processo de marcha a ré. Nada disso parece fazer qualquer sentido e tanto quanto o silêncio do governo federal, que teima em não perceber, ou não reagir, as proporções da ameaça representada pelo aço chinês, atingindo justamente um setor que bem pode ser apontado como pilar da indústria nacional. Faz um ano, pouco mais pouco menos, que as siderúrgicas denunciam a situação, aliás já largamente comprovada interna e externamente. Denunciam e informam que, a permanecer o quadro atual, sem outra alternativa reduzirão atividades e investimentos.

Esperaram, conversaram, chegaram até a ouvir promessas, mas nada aconteceu, num silêncio e imobilismo que não tem justificativa que possa ser considerada. Pisar no freio, encolher, já não é apenas possibilidade ou ameaça e sim algo bastante concreto, conforme está sendo mostrado pela Gerdau. O que mais, afinal, estamos esperando?

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