Siderurgia sob riscos

O futuro da produção de aço e de investimentos em siderurgia no Brasil está em risco. E por conta do aumento das importações, que somaram 496 mil toneladas em agosto passado, mais que o dobro da média mensal aferida nos últimos 10 anos. Para 2023 a previsão é de aumento de 40% nas compras externas, na comparação com os doze meses anteriores. O assunto foi destaque no Congresso Aço Brasil, que acaba de ser realizado em São Paulo, sob comando do Instituto Aço Brasil e conforme já publicado neste jornal.
Cabe ressaltar que esse processo não ocorre em condições normais de mercado e da livre concorrência.
Bem ao contrário, uma vez que não existe pressão de demanda e a indústria local tem plenas condições para abastecer o mercado. Mas não pode enfrentar competidores menos atentos às normas do comércio internacional, como China e Rússia, não por acaso líderes nas vendas ao País e acusados de práticas abusivas e comércio predatório. Para Jefferson de Paula, presidente da Arcelor Mittal, sucessora da antiga Belgo Mineira e maior produtora de aço no Brasil, também dirigente do Instituto Aço Brasil, se nada for feito para que este cenário seja alterado é esperado que até o final do ano várias usinas tenham que paralisar suas atividades, ao mesmo tempo em que investimentos programados para o setor, somando R$ 63 bilhões em 4 anos, poderão ser adiados. Estamos falando da perspectiva de desemprego, podemos estar assistindo a mais um capítulo do processo de desindustrialização no Brasil.
E fazer o que exatamente ? Como disseram em São Paulo representantes do setor, trata-se de impor barreiras à concorrência desleal, elevando a alíquota de importação a 25%, não por acaso percentual adotado pelos Estados Unidos, México e países europeus, enquanto o Brasil continua se permitindo o luxo de taxar as importações em apenas 9,6%, com exceções de pouco ou nenhum significado. Nas condições atuais, e sem que se possa interferir nas práticas apontadas, é o que pode e deve ser feito para assegurar condições de competitividade à indústria local. Ou, mais dramaticamente, devolver-lhe condições de sobrevivência.
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O assunto já foi levado a Brasília e, dizem os interlocutores com o governo federal, recebido com boa vontade. Não mencionaram, entretanto, se está bem percebido o sentido de urgência da providência reclamada. Tudo isso tendo em conta que para o ano corrente a previsão é de que a produção interna sofra queda de 6%, o que produz o efeito indireto, igualmente maligno, de afetar toda a cadeia de produção que depende desse insumo, como a indústria de material de transportes.
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