Editorial

Sistema bancário brasileiro ainda apresenta fragilidade incoerente apesar de ser destaque em automatização

Serasa revelou que, em 2024, metade dos brasileiros foi vítima de fraudes no sistema financeiro
Sistema bancário brasileiro ainda apresenta fragilidade incoerente apesar de ser destaque em automatização
Foto: Reprodução Adobe Stock

O sistema bancário brasileiro saiu na frente e prossegue na vanguarda do processo de automatização, sendo, neste particular, exemplo copiado – mas não com o mesmo sucesso – em todo o mundo. Seria de se esperar que tal expertise produzisse efeitos para além da linha de serviços, em que a impessoalidade soa como desconforto para a maioria dos clientes, assim implicando em redução de custos. E mais ainda, muto mais, no que toca à segurança dos procedimentos, aspecto em que facilmente se percebe que o processo foi involutivo.

Outra não pode ser a conclusão diante do conhecimento de dados coletados pela Serasa e recentemente divulgados, dando conta que em 2024 metade dos brasileiros, precisamente 51% deles, foi vítima de fraudes no sistema financeiro, sendo que em 54% dos casos foram registradas perdas. Números espantosos diante dos quais a percepção é de que, apesar de toda a tecnologia envolvida nesses processos, persiste uma fragilidade que seria no mínimo incoerente. Como bem indica a Serasa, metade dos brasileiros sabe do que estamos falando, conhece a variedade de golpes facilitados ou amplificados pela tecnologia, desde uso irregular de cartões de crédito até boletos falsificados e o que mais a imaginação alcançar. Anote-se que com recursos tomados à inteligência artificial, mesmo a biometria fácil, até há pouco tida como altamente segura, já pode ser burlada, gerando perfis, contas e transações irregulares.

Para quem observa a distancia fica a impressão, no mínimo, de que existiria da parte do sistema uma boa dose de indulgência, até porque, como regra, seguros o coloca a distância de prejuízos. Os cordões, eis o fato, não poderiam e não deveriam estar tão frouxos como indicam as aparências. Para além, na realidade, aponta o conjunto de dados que acabam de ser divulgados. Tantos furos, como os casos exaustivamente repetidos de vazamento de dados de clientes e que acabam transformados em ferramentas para o crime, definitivamente não condizem com a aparente robustez do suporte tecnológico que cerca, acompanha e monitora cada operação. Se não é assim, com toda certeza deveria ser.

Fraudar, a partir de um simples telefone celular, dentre outras armas largamente utilizadas, não poderia e não deveria ser tão simples e fácil. E tudo isso gerando, além de incômodos, prejuízos que anualizados sobem à casa dos bilhões de reais, numa escalada em que igualmente não é possível perceber clara e efetiva disposição de contenção. Cabe esperar que os dados agora divulgados pela Serasa levem à conscientização que deságue numa já tardia mudança de atitude de quem tem responsabilidade diante do que se passa.

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