Somar e fortalecer
O deputado federal e ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, agora relator do projeto de lei enviado à Câmara dos Deputados tratando do combate ao crime organizado, ou facções, antecipou que defenderá que seja mantida a competência das polícias estaduais neste combate. Segundo ele, a Polícia Federal não teria condições de conduzir as investigações, papel que vem sendo cumprido, faz tempo, por Ministério Público e polícias locais.
Um posicionamento que não trouxe qualquer surpresa, considerada a posição política do ex-secretário e expõe proporções das dificuldades a serem vencidas para que o tema, da mais extrema atualidade e relevância, encontre o consenso capaz de assegurar que as tratativas que virão na sequência sejam balizadas por padrões absolutamente técnicos. Nessa perspectiva, parece evidente que a integração de todas as forças tende a representar o somatório que se impõe, acima e para além das questões políticas, de um ou de outro. Algo que o próprio Derrite deixa suficientemente claro precisamente ao lembrar como os trabalhos nessa área vêm sendo conduzidos faz tempo, o que em primeiríssimo lugar sugere exatamente a necessidade de mudar, de fazer diferente. Não para agradar a quaisquer das partes, não para exibir força ou colher possíveis dividendos políticos. Para acertar pura e simplesmente, para chegar a resultados diante de uma situação que se deteriora de forma exponencial, representando assim ameaça cujas proporções não parecem ter sido percebidas em toda a sua extensão.
Não pode, definitivamente, ser hora de politicagem, menos ainda de politicagem rasteira. Diretamente, para acertar, para chegar aos resultados que a sociedade brasileira reclama – e cobra – há muito tempo. Estes sim, seriam dividendos políticos legítimos, aqueles que deveriam estar sendo buscados permanentemente porque guardam melhor relação com o coletivo. Um objetivo comum, convergente, que assim deveria estar sendo entendido, mirando soluções e recuperação dos valores que, esquecidos, ajudaram a levar o problema às dimensões de calamidade em que se encontra. Deveria ser o bastante para entendimento no conjunto da sociedade de que não existe espaço, tampouco tempo, para divisões que enfraquecem e entorpecem, para qualquer tipo de exploração política ou prevalência de interesses menores. Eis o entendimento que deveria ser tomado, especialmente nas circunstâncias, como elementar mas que ainda assim permanece distante, como distantes da realidade parecem estar todos quantos ainda não compreenderam o elementar.
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