Sonhar menos e fazer mais

Independentemente das incertezas do presente, elevadas a um grau que seria impensável há poucos meses, é certo que o futuro reserva ao planeta grandes desafios e, na mesma proporção, oportunidades. Tudo, ou quase, essencialmente por conta de mudanças tecnológicas, como a substituição de combustíveis fósseis por eletricidades em veículos, o que implicará em novas demandas. Também terá peso crucial, dizem estudiosos, aqueles que um dia – e não faz muito tempo – foram batizados como “futurólogos”, as múltiplas aplicações da chamada inteligência artificial ou, precisamente, uso intensivo de processadores de altíssima capacidade.
Ganham destaque neste processo os chamados minerais estratégicos, ou críticos, como lítio, grafeno, terras-raras e o mais conhecido nióbio, cuja demanda será multiplicada 6 vezes nos próximos 5 anos, numa escalada que coloca o Brasil em condição um tanto privilegiada. E pela simples e objetiva razão de que o País seria detentor das reservas globais de cerca de10% desses insumos, assunto que tem sido objeto de muita especulação, algumas ideias que se aproximam do limite da fantasia e mal disfarçada cobiça externa.
Sim, o País conta com reservas desses minerais equivalentes a estimados 10% do total global, consideradas prospecções que, além de tímidas, são ainda incompletas, cobrindo apenas 27% do território. Poderá ser muito mais, cabe assinalar, com destaque para as reservas situadas em Minas Gerais. Mas, alerta o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a entrega efetiva desses minerais hoje, pelo Brasil, corresponde a apenas 0,09% da oferta global. Em outras palavras, para que o País ocupe efetivamente a posição imaginada com uma boa dose de ufanismo e igual exagero será preciso virar essa chave. Ou, e como em outros tantos casos, passar da teoria à pratica, entendendo o que é preciso ser feito para, tão rapidamente quanto possível, pôr mãos à obra.
Ou fazer mais e com sentido de urgência. O Ministério de Minas e Energia informa que no primeiro semestre deste ano houve incremento de 41,6%, na comparação com igual período do ano passado, nas exportações desses minerais e para os próximos 5 anos são aguardados investimentos de US$ 18,5 bilhões apenas em exploração. Parece bom, mas cabe lembrar que entre o start de um novo projeto e o início da produção 10 anos serão consumidos. E o que acontecer nesse intervalo pode ser o mesmo que perder a corrida, apesar das vantagens aparentes.
Pela importância do assunto e por tudo que pode estar em jogo só cabe esperar que o País esteja atento, inclusive para não se ver reduzido à mera condição de fornecedor de matéria-prima em estado bruto.
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