Editorial

Um sonho realizado?

Duplicação de delicado trecho da BR-381 volta a pauta e reacende a esperança
Um sonho realizado?
Foto: Naice Dias | Itatiaia

Saídas para o mar são, para a economia de Minas Gerais, algo como oxigênio, vida e possibilidade de crescimento que sua condição naturalmente limita. É precisamente neste contexto que, faz décadas e depois da construção da Estrada de Ferro Vitória a Minas, que os mineiros sonham com acesso rodoviário ao litoral capixaba, especificamente aos portos de Vitória, as portas que se abrem para o mundo. Nada que possa se confundir com mero capricho e sim a possibilidade, para além da saída para o mar, de transformação econômica de todo o Vale do Rio Doce em polo industrial de expressão nacional, fazendo assim convergir interesses e potencialidades comuns a Minas Gerais e ao Espírito Santo.

Um projeto antigo, embalado por promessas também antigas, centradas de início na abertura e pavimentação da BR-381, de Belo Horizonte até Vitória no Espírito Santo e, vencida esta primeira etapa, a duplicação para atender necessidades atuais e, literalmente, pavimentar o crescimento futuro. Antes, para sepultar a tão temida Rodovia da Morte, como é mais conhecido o trecho que segue em direção ao Vale do Aço. Ideias e sonhos que têm resistido há décadas de espera, tudo ao preço de vidas perdidas e crescimento econômico contingenciado. Esperanças que se renovaram com a introdução do regime de concessão à troca de investimentos que o Estado brasileiro perdeu condições de bancar. Tudo resumido a novas esperanças e maiores frustrações.

Entendeu-se, equivocadamente por certo, que arranjos de menor custo, como implantação de faixas adicionais, poderiam bastar para aliviar pressões, adiando-se mais uma vez a desejável duplicação. A reação de empresários estabelecidos no Vale do Aço, com suporte da Federação das Indústrias, foram afinal percebidas e assim novamente colocada na mesa de discussões a possibilidade de duplicação, por horas, do trecho de 70 quilômetros entre Belo Oriente e Governador Valadares e com pronta autorização para que estudos de viabilidade econômica sejam prontamente iniciados.

Poderá ser, afinal, capítulo decisivo na longa história que ainda não chegou ao desejável final feliz. Para que finalmente a Rodovia da Morte fique no passado, seja apenas uma má lembrança, surgindo em seu lugar, como volta a prometer a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a rodovia do progresso e da prosperidade abrindo ou alargando caminhos para o crescimento econômico de todo o Vale do Rio Doce, com potencial para se transformar em novo polo de expansão da indústria nacional. E para que assim se realizem sonhos embalados por mineiros e capixabas desde o século passado.

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