Suspensão de investimentos em Minas é sinal de alerta para a siderurgia

A ArcelorMittal Brasil anunciou nesta semana a desistência de um projeto bilionário para a expansão da usina em João Monlevade, na região Central do Estado. Com isso, milhares de empregos deixarão de ser gerados, tanto na fase de implantação quanto na de operação do empreendimento — um grande revés para o desenvolvimento econômico de Minas Gerais.
O plano da companhia era investir aproximadamente R$ 4 bilhões na ampliação da usina mineira, quase dobrando sua capacidade de produção. O projeto compreendia a expansão da sinterização, do alto-forno e da aciaria, e estava previsto para ser concluído em 2026, de acordo com matéria publicada no dia 7 de fevereiro no Diário do Comércio, assinada pelo repórter Thyago Henrique.
Em nota enviada à publicação, a companhia não revelou os motivos do cancelamento, mas destacou que a unidade continuará sendo importante para as operações da ArcelorMittal no país. Além disso, a produtora de aço anunciou um investimento de até R$ 4 bilhões na usina de Tubarão, no Espírito Santo. Os aportes serão destinados à laminação e à linha de revestimentos.
A desistência da companhia luxemburguesa soma-se à suspensão de investimentos da Aperam South America, que pretendia ampliar sua fábrica em Timóteo, no Vale do Aço. Os aportes previstos eram de aproximadamente R$ 600 milhões. Neste caso, ainda há esperança de retomada dos planos.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
No caso da Aperam, a suspensão ocorreu em meio à invasão de aço chinês no mercado brasileiro. As importações em excesso afetaram de forma significativa as siderúrgicas no Brasil. Em Minas, além da suspensão de investimentos, produtoras de aço foram obrigadas a reduzir o ritmo, realizar paralisações e até demitir funcionários.
Diante desse cenário, o governo adotou, no ano passado, barreiras tarifárias contra o aço chinês. Apesar de a medida ser considerada positiva, ainda não surtiu os efeitos esperados, uma vez que a entrada de produtos siderúrgicos continua batendo recordes.
Além disso, a indústria siderúrgica pode enfrentar desafios ainda maiores. Uma provável guerra cambial entre China e Estados Unidos pode inundar ainda mais o mercado brasileiro com aço produzido no país asiático.
Outro fator de preocupação é a possibilidade de o presidente norte-americano, Donald Trump, voltar a impor barreiras tarifárias contra o aço brasileiro, limitando nossas exportações de produtos siderúrgicos e afetando de forma significativa o faturamento dessas empresas.
Portanto, Minas Gerais precisa se preparar para o agravamento desse cenário e criar condições favoráveis para que as usinas siderúrgicas continuem impulsionando o desenvolvimento econômico do Estado.
Ouça a rádio de Minas