Tarefa adiada na economia brasileira: empurrar com a barriga ou contar com a falta de memória não parece inteligente

Conforme já foi registrado neste espaço, analistas de conveniência, sejam aqueles movidos exclusivamente pelo apetite do ganho fácil, especuladores, sejam os que carregam viés político, enxergam nas condições atuais da economia brasileira problemas e dificuldades desproporcionalmente amplificados. Nada, como também já foi dito, que passe pelo crivo de avaliações independentes sem a percepção de avanços muitíssimo relevantes como a ampliação da oferta de empregos, ganhos na renda dos trabalhadores ou redução significativa da população situada abaixo da linha da pobreza, questões também já lembradas aqui.
Nada, porém, que possa impedir avaliações críticas, registro daquilo que deixou de ser feito nos últimos 2 anos. Com espaço destacado exatamente para um ponto que tem sido muito comentado, a falta de empenho em conter despesas, no entendimento elementar de que o equilíbrio fiscal é, de fato, pré-requisito para a estabilidade, antecipando a retomada de investimentos e crescimento econômico em bases sustentáveis. Se não por conveniência explícita, entendida como necessidade de construir alianças cimentadas por favores, talvez pela acomodação e ilusão de que a gastança viria acompanhada de dividendos de curtíssimo prazo. Erros que reclamam penitência quando menos porque teriam ajudado a alimentar as flutuações cambiais das últimas semanas do ano, servindo-lhes de pretexto.
Trata-se de perceber, afinal, o erro cometido, assumi-lo e trabalhar para corrigi-lo. Dizem, em Brasília, que o presidente da República pode estar bem próximo, ainda que um tanto atrasado, deste entendimento e quem assim pensa lembra que ele chegou a dizer, na ocasião do anúncio do “pacote” que ficou aquém das expectativas, que seguiria “atento à necessidade de novas medidas”, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acrescentou na mesma ocasião que no seu entendimento aquele pacote “não é o suficiente”. Ainda em Brasília há quem acredite que a equipe econômica já tem nas mangas as cartas capazes de engrossar o caldo da redução de gastos, faltando apenas o aval do presidente Lula.
Na campanha eleitoral de 2022, o então candidato prometeu que não mediria esforços para reequilibrar receitas e despesas, acrescentando que o “déficit zero” viria já em 2024, engordado pelo aumento da arrecadação. Não aconteceu e a frustração não bastou – até agora – para provocar a reação esperada e necessária. Empurrar com a barriga ou contar com a falta de memória não nos parece inteligente, não para quem sabe que os votos de 2026 fatalmente passarão por este filtro.
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