Tarifaço mostra a importância de Minas buscar novos parceiros comerciais

A escalada das pressões do presidente Donald Trump, que ocorrem à margem dos fundamentos do Direito Internacional e da própria diplomacia, implica, por óbvio, num grau de imprevisibilidade talvez inédito no cenário internacional. Situação que demanda cautela, mas igualmente sugere, para além da construção de alternativas, entendimento frio e tão bem calculado quanto possível dos fatos e das perspectivas que se desenham no horizonte. Afinal e como já foi dito presentemente, a incerteza é a única certeza no cenário internacional, com desdobramentos na economia, nos negócios e na política, além de ameaças claras e sinistras também no campo bélico.
Neste ambiente tão sombrio quanto ameaçador, merece atenção estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) tentando aferir e antecipar a proporção dos danos diretos que o chamado tarifaço pode provocar no mundo dos negócios. Feitas as contas, os estudiosos acreditam que o Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) poderá sofrer em 2 anos perdas equivalentes a 0,10%, menores que os 0,14% da China e 0,43% para os Estados Unidos. Minas Gerais, especificamente, poderá perder o equivalente a U$ 1,5 bilhão em 2 anos. Para o Brasil como um todo, as perdas estimadas podem chegar a U$ 8,8 bilhões, porém parcialmente compensadas com ganhos de até U$ 4,6 bilhões em novas frentes de comércio. Para João Pedro Revoredo, economista que conduziu os estudos da UFMG, “a lição disso tudo é que é importante buscar novos parceiros comerciais”.
Ressaltando que as previsões agora divulgadas guardam semelhança com avaliações feitas anteriormente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) verifica-se que a realidade recomenda que seja evitado também o alarmismo e o próprio stress que podem ser observados, contribuindo para elevar inutilmente a temperatura. Tudo isso no entendimento também de que sendo baixas, quase nulas, as chances de negociação efetiva e em termos minimamente equilibrados, o exercício mais consistente será precisamente o de buscar alternativas, movimento que parece interessar igualmente a cada um dos países também afetados.
Mais amplamente, e como também já foi apontado neste mesmo espaço, trata-se do entendimento de que a ordem econômica estabelecida na metade do século passado, tendo como pilares o livre comércio e a cooperação internacional está definitivamente rompida. Tanto quanto as ideias mais recentes, fundadas na ilusória busca de eficiência através da globalização, caducaram antes mesmo de sua efetiva implantação. E para trazer de volta, mais consistente, o entendimento de que independência de fato pressupõe capacidade de se bastar, diferencial que confere ao Brasil grande vantagem competitiva.
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