Editorial

O que TikTok, Vale e Petrobras têm em comum?

Em outros países, a interferência do governo, quando necessária é direta, reta, fazendo ver que os interesses nacionais estão acima de todos os demais
O que TikTok, Vale e Petrobras têm em comum?
Foto: Reprodução Adobe Stock

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou recentemente lei que obriga a empresa chinesa ByteDance a vender o controle do aplicativo TikTok, sob pena de que ele seja proibido de atuar no país. Tudo normal, tudo perfeito e sem qualquer tipo de questionamento, fazendo lembrar que alguém por lá já recomendou ao mundo que “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Um dos candidatos à compra, num negócio estimado entre U$ 35 bilhões e U$ 40 bilhões, disse que o TikTok deveria ser propriedade de americanos, acrescentando que os chineses não permitiriam de forma alguma que uma empresa americana operasse com algo semelhante em seu país. E do outro lado do mundo, as reações foram indignadas, com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores afirmando que os americanos não provaram que o TikTok seja uma ameaça. “É uma lógica de criminosos”, acrescentou.

É de se imaginar o que estaria acontecendo se, longe da ribalta que o primeiro mundo ocupa, aqui no Brasil decisão semelhante fosse tomada, não custando nada lembrar que todas as plataformas que atuam no País são estrangeiras. De pronto, e como já ocorre diante das tímidas tentativas de impor algum tipo de regulamentação e controle às plataformas, pipocam acusações de que isso só pode ser coisa dos comunistas que assaltaram o poder em nosso País. Para não dizer que falam também de ditadura, de restrições abusivas à liberdade de expressão e de pensamento.

Precisamente, “façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”. Este é um caso, apenas o mais recente, entre muitos que poderiam ser lembrados. Lá fora, no mundo rico, a interferência quando necessária é direta, reta, fazendo ver que os interesses nacionais estão acima de todos os demais. E, por sinal, em acordo com comentários feitos recentemente neste espaço, quando estranhamos as reações iradas ditadas pelo tal mercado e relativas a suposta interferência do governo nos negócios da mineradora Vale e da Petrobras. Por elementar, não nas empresas e menos ainda nos seus acionistas, mas, sim, e apropriadamente em algo que diz respeito às maiores riquezas nacionais, assuntos que não poderiam, ou não deveriam, ser decididos a partir da Bolsa de Valores de Nova Iorque.

Não nos parece difícil compreender, exatamente nos termos da questão do TikTok que é o eixo deste comentário, que interesses contrariados se defendam, mesmo que se valendo de interferências e manipulações um tanto impróprias. O que definitivamente não dá para entender é que brasileiros se curvem e até defendam tantos abusos.

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