Editorial

Transferência da gestão do Anel Rodoviário para a PBH: cabe à população aguardar e cobrar

Após muita espera e adiamentos, rodovia foi entregue à administração municipal
Transferência da gestão do Anel Rodoviário para a PBH: cabe à população aguardar e cobrar
Anel rodoviário BH Crédito: Divino Advíncula | Divulgação

A transferência da gestão do Anel Rodoviário à Prefeitura de Belo Horizonte pode significar mais que o fim de um ciclo ao longo do qual foram acumuladas frustrações. Resultado de demanda bastante antiga, a mudança agora efetivada deve, na avaliação do prefeito Álvaro Damião, possibilitar que intervenções há muito reclamadas ganhem, afinal, agilidade, das grandes obras às medidas emergenciais. Na solenidade de assinatura dos termos de transferência, que trouxe à cidade o ministro Renan Filho, dos Transportes, foi anunciado que obras de adequação e ampliação da capacidade deverão ser entregues no prazo de 2 a 3 anos. Depois de muita espera e adiamentos, pode ser afinal algum alívio.

Cabe aguardar e cabe também cobrar. De pronto lembrando que as melhores expectativas eram no sentido de que todo o Anel seria duplicado, ganhando inclusive novo traçado nos seus pontos mais críticos. Os mais lembram inclusive que o Anel, se entendido como um todo, nunca existiu, posto que seus 26 quilômetros representam apenas a metade do contorno ideal imaginado para a cidade. Restou-lhe assim o papel bem mais modesto de interligar duas rodovias federais.

A precarização subsequente foi consequência esperada do adensamento do tráfego, para muito além do previsto e a procrastinação de investimentos básicos, inclusive de simples manutenção. Mesmo agora cabe assinalar que propostas de investimentos, em que chegou a ser aventada hipótese de completa duplicação, foram encolhendo e ao mesmo tempo adiadas, falando-se por último apenas em correção de pontos críticos e de afunilamento, com a construção inclusive de 6 novos viadutos, número agora reduzido para apenas 2. E sem nenhuma referência ao trecho em que são registrados os acidentes mais graves, o longo declive com 7 quilômetros de extensão a partir da BR 040.

São pontos a observar daqui para frente e sempre com muita atenção para que tudo afinal não acabe resumido em novas e maiores frustrações. E no entendimento também de que a transferência da gestão não exime o Ministério dos Transportes de suas obrigações, inclusive de financiamento. Ocasião também para lembrar que melhorias no Anel, ou no meio Anel, devem servir também para que seja recolocada em pauta a construção da banda esquecida. Muito menos do Rodoanel Metropolitano, que mesmo com recursos garantidos para as obras, esbarrou em querelas e pendengas ainda não de todo superadas entre municípios da Região Metropolitana de BH que não concordam com o traçado proposto no projeto original.

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