Com Trump, acordo entre Brasil e EUA sobre minerais raros se torna um tema sensível

Brasil e Estados Unidos firmaram no ano passado, ainda no governo Biden, portanto, acordo de colaboração para pesquisas compartilhadas e destinadas à prospecção, em território brasileiro, de áreas ricas em minerais raros e estratégicos nos estados de Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Norte e Paraíba.
Terras-raras, estanho, nióbio e cassiterita, dentre outros, estão no alvo dos pesquisadores que, já no ano passado, recolheram as primeiras amostras para análise. Este ano e depois da posse do presidente Donald Trump, o país chegou a ser informado oficialmente pelo Departamento de Estado que o novo governo decidira suspender a cooperação. Mais recentemente, no entanto, o Ministério das Minas e Energia informou que o país foi avisado, durante encontro internacional realizado no Canadá e tendo como tema precisamente a prospecção mineral, que o governo Trump recuou, que o acorde está de pé e as prospecções terão prosseguimento.
Cabe assinalar, para melhor compreensão do delicado assunto, que o acesso às reservas de minerais estratégicos, aqueles fundamentais para a fabricação de baterias para veículos elétricos, celulares e outros eletrônicos, além de semicondutores e tecnologias militares, estão no centro das atenções do governo dos Estados Unidos. Trata-se, fundamentalmente, de dar alguns passos adiante na corrida com a China, na direção do que é entendido como futuro próximo da indústria no planeta. Será também oportuno mencionar que países como Canadá e a Groenlândia já foram mencionados como de alto interesse para os Estados Unidos nesse particular . Tudo isso sem contar com a perspectiva de um grande acordo com a Ucrânia, prevendo justamente a troca de acesso a minerais estratégicos como contrapartida para ajuda militar.
Assim, o aparente recuo com relação à parceria com o Brasil, dada como “modesta” nos termos atuais, com investimentos previstos que não passam de U$ 1 milhão, mas passível de “avanços para projetos maiores”, conforme o Ministério das Minas e Energia, não deve causar surpresas. Muito ao contrário, pode ser dado como o esperado, surpreendendo, sim, apenas que esta movimentação não tenha chamado mais atenção. De qualquer forma, e diante das novas circunstâncias, será devido assinalar o elevado grau de sensibilidade do tema, questão bastante antiga, mas que agora ganha conotações preocupantes.
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Espera-se que o governo brasileiro esteja suficientemente atento aos acontecimentos e aos humores de Washington, perceba o valor das cartas que tem na manga, assim como o valor do jogo que está sendo jogado.
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