Editorial

Um grande brasileiro

Um grande brasileiro
Ex-ministro da Agricultura, secretário de Minas e parlamentar, ele morreu ontem no Hospital Madre Teresa, na Capital | Crédito: Janine Moraes / PMC

O professor Alysson Paolinelli deixou a Escola de Agronomia de Lavras, onde foi graduado como engenheiro agrônomo, em 1972, para assumir a Secretaria de Agricultura de Minas. Iniciava-se, então, por inspiração do governador Rondon Pacheco, uma trajetória que rapidamente ganhou dimensão nacional e internacional, conforme tem sido lembrado nesses dias. Paolinelli, que ocupou a Secretaria da Agricultura em três ocasiões, foi também ministro da Agricultura ou, bem acima dos cargos que se distinguiu, o homem que deu dimensão e escala ao agronegócio no País, tudo isso a partir da viabilização de culturas na região do Cerrado mineiro e da criação da Embrapa. Uma revolução que não está terminada e é reconhecida mundialmente, tendo sido também a alavanca que elevou o Brasil à condição de um dos maiores produtores mundiais de alimentos.

São realizações – e transformações – de poucas décadas e que tiveram como marcos iniciais a preocupação em assegurar produção em escala suficiente para alimentar o País e a consciência de que muito poderia ser feito a partir da educação que possibilitaria a incorporação de tecnologia e ganhos de produtividade. Ou a fórmula da “agricultura tropical”, que deu projeção mundial ao autor, que se despede de todos nós no ano em que a produção local chegará bem próximo de 350 milhões de toneladas. Mais um recorde ou, antes, o principal ponto de sustentação da economia nacional.

E tudo isso foi possível porque em nenhum momento Paolinelli deixou de ser o cidadão exemplar, servidor público que deu à sua carreira sentido de dever e compromisso, ocupando posições  exclusivamente pelo mérito, por  desejar fazer sempre mais. Acima de tudo, o brasileiro que acreditava no seu país. O sucesso, numa escala tão singular quanto inédita a ponto de seu nome ter sido lembrado mais de uma vez para receber o Prêmio Nobel, era o esperado. E daqui para frente deveria passar a ser padrão e referência para o serviço público. Ou a primeira das muitas lições que passam a ser o legado do professor Alysson Paolinelli, ainda em vida reconhecido e celebrado como exemplo.

Porque mais que suas realizações, bastantes para colocá-lo entre os maiores de seu tempo, o que deve ficar de Alysson Paolinelli – e se eternizar – são exatamente suas crenças e valores, com certeza maiores que as realizações que agora estão sendo tão lembradas. Antes de tudo, pranteia-se nesse momento a perda de um grande brasileiro, do professor que ensinou que conhecimento combinado com vontade e determinação pode ser a diferença entre o possível e o que parece impossível.

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