Indústria, comércio e agricultura se unem

Entidades de classe mineiras, representantes da indústria, do comércio e da agricultura reunidas em suas respectivas federações, acabam de realizar em Belo Horizonte encontro que, embora não tenha sido inédito, ganhou proporções muitíssimo relevantes. As três federações, que têm espaço próprio e compartimentado na representação classista, buscam explicitamente e pela primeira vez proximidade para além das aparências ou das conveniências meramente protocolares. “Quando você tem uma colheitadeira num campo você tem uma máquina fabricada pela indústria, comercializada por alguém do comércio, produzindo algo para o agronegócio. Estamos juntos mesmo que não queiramos e é fundamental que fique bem claro que não existem divisões”.
As palavras do presidente da Federação da Agricultura de Minas Gerais, Antônio Pitangui, bastam para definir uma postura nova ainda que traduzindo sentimentos mais antigos. Empresários brasileiros e não apenas os de Minas Gerais frequentemente se dizem apartados da esfera política, excluídos assim dos processos decisórios. Reclamam voz e o espaço que lhes seria devido, porém, até agora, aparentemente sem uma percepção mais clara a respeito de como e porque se dá a exclusão. Falta-lhes, sobretudo, o entendimento de que a fragmentação de sua representação pode ser causa preponderante da redução de seu espaço político. Algo percebido nos distantes anos 70 do século passado quando foram abortadas – e por razões de fácil compreensão consideradas as condições políticas da época – tentativas de criação da então chamada União das Classes Produtores (Conclap), de abrangência nacional.
Representação menos fragmentada e mais homogênea, capaz assim de melhor expressar a força do empresariado brasileiro, sem divisões que, como bem observa o presidente da Faemg, não reproduzem a realidade e assim não tem como fazer sentido. Eis o que deve ser, o que deveria ter sido desde sempre para garantir ao empresariado o espaço que naturalmente lhe cabe. Devemos, portanto, esperar e desejar que o movimento conduzido pelas federações das Indústrias, do Comércio e da Agricultura tenha este sentido e propósito. Caberia igualmente entender que as três entidades, até por sua natureza e constituição, estejam à frente, representem a liderança do movimento, porém abertas à participação mais ampla das classes produtoras, num movimento de verdadeira e ampla integração, parceria e convergência. Afinal, é exatamente aí que reside a força, a energia e, sobretudo, a necessidade do movimento.
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