O uso excessivo do celular e os riscos para as escolas

O uso excessivo de celulares já virou um problema de saúde mental no Brasil. As pessoas não desgrudam de seus aparelhos, nem mesmo no volante ou quando andam pelas ruas. A dependência psíquica do ambiente virtual tornou-se um vício perigoso, que deixa a realidade concreta em segundo plano. As principais vítimas são as crianças e adolescentes, prejudicadas justamente por estarem em fase de formação intelectual.
O Ministério da Educação deve anunciar em breve um projeto de lei que irá proibir o uso de celulares em escolas públicas e privadas no Brasil. Um relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), divulgado em julho, defende que os celulares sejam banidos de ambientes escolares, a exemplo do que já ocorre na França, Estados Unidos, Finlândia, Itália, Espanha, Portugal, Holanda, Canadá, Suíça e México.
As famílias brasileiras estão cada vez mais preocupadas com impactos negativos causados pelo uso indiscriminado e abusivo de celulares pelos seus filhos, que ficam extremamente vulneráveis diante da ausência de regulamentação das redes sociais, uma “terra sem lei” onde proliferam a desinformação e a perversidade.
Já está mais do que comprovado que a utilização desregrada do celular na infância e adolescência gera gravíssimos problemas, como vício em tecnologia, aumento da ansiedade, depressão, sono irregular, baixo desempenho escolar, dificuldades nas relações sociais e exposição ao cyberbullying.
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Para enfrentar esta verdadeira epidemia digital, a simples proibição do uso de celulares nas escolas é insuficiente. É fundamental o engajamento das secretarias de educação e de trabalhos pedagógicos de conscientização. No Brasil, 20 estados já têm leis similares, mas apenas 12% das escolas confirmam a adoção da medida na prática, indica a pesquisa TIC Educação 2023 do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
De acordo com o levantamento, a “celularmania” já afeta crianças ainda na primeira infância. A TIC Educação 2023 revela que 33% das escolas municipais e 29% das privadas baniram completamente o uso de celulares, sendo que 42% dos colégios até o 5º ano do ensino fundamental já adotaram a medida. No ensino médio, o índice cai para 7%.
O Ministério da Educação precisa avaliar minuciosamente as experiências no Brasil e em outros países para elaborar um projeto realmente eficaz que amenize os riscos aos quais as crianças e adolescentes são expostas frente à liberação sem critérios e limites de celulares. A tecnologia não deve ser empregada para causar malefícios.
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