Voltando ao rumo certo

Fazia tempo, bastante tempo, que um presidente da Petrobras não visitava Minas Gerais, reflexo da indiferença da estatal com relação ao Estado ou da impossibilidade de dar explicações convincentes sobre o processo de sucateamento da Refinaria Gabriel Passos. Esta semana o jejum foi quebrado pelo atual presidente, Jean Paul Prates, que esteve na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e aproveitou a ocasião para trazer notícias alvissareiras. A Petrobras investirá U$ 2,6 bilhões na Regap, modernizando a unidade e acrescentando 30 mil barris/dia à produção atual de 170 mil barris/dia. A unidade, fruto de uma campanha que mobilizou o empresariado mineiro nas décadas de 50 e 60 no século passado, pode ter sua importância medida de outra maneira. Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a refinaria de Betim arrecada mais tributos para o Estado que empresas como a Fiat, siderúrgicas e Vale.
O incremento da produção na Regap, atualmente em parada técnica para manutenção, tem importância, muita importância, menos pelo volume anunciado, pequeno diante da demanda, e mais pela mudança de atitude. A Petrobras, num erro pelo qual todos pagamos um alto preço, focou suas atenções e recursos nas últimas duas décadas, pouco mais, pouco menos, em prospecção e extração. Alcançou tremendo sucesso, identificando reservas que se contam entre as maiores do planeta e elevou a produção de óleo cru a pouco mais de 3 milhões de barris/dia. Garantiu assim autossuficiência ao País e ainda a exportação de 1 milhão de barris/dia. Definitivamente não foi e não é pouca coisa.
Mas cometeu o erro, pelo qual agora se penitencia, de realizar investimentos limitados e equivocados em refino, relativizando assim o significado da autossuficiência que foi tão comemorada. Reequilibrar as duas frentes de atuação, como em tantas oportunidades reclamamos neste espaço, é para o País, para sua efetiva independência econômica e crescimento sustentado, algo absolutamente fundamental. E foi disso que nos falaram, na Fiemg, o ministro de Minas e Energia e o presidente da Petrobras. Cabe esperar que seja para a Petrobras e para o País realmente uma virada de chave, com a definitiva compreensão de que estamos tratando dos mais altos interesses estratégicos do Brasil.
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