Editorial

Vontade para fazer melhor

Vontade para fazer melhor
Crédito: Joédson Alves/Agência Brasil

Mantida a promessa de devolver equilíbrio às contas públicas federais, compromisso que muitos entendem estar muito distante da realidade, o atual governo precisará entender que a questão não pode ser resumida ao aumento da arrecadação. Os resultados do primeiro ano do atual mandato deixam este ponto suficientemente claro e deveriam bastar, conforme apontam estudiosos independentes, para o entendimento de que não há como alcançar o resultado pretendido sem que seja promovido corte drástico nas despesas. Na realidade, trata-se, como também já foi dito, de gastar menos e gastar melhor, verdade elementar que na esfera pública não costuma ser considerada.

Nessa rol, pode e deve ser incluída a promessa do governo do presidente Lula, feita antes da posse, de que investimentos públicos seriam canalizados prioritariamente para a conclusão de obras inacabadas ou paralisadas. Um exercício de racionalidade, antes de responsabilidade que, vencido o primeiro ano do novo mandato, não ganhou forma, nem mesmo qualquer avanço que mereça ser rotulado como significativo. Tocar essas obras representaria, além de conter o evidente desperdício, também uma forma de gerar empregos e movimentar a economia com mais agilidade. Trata-se, no entanto, e ante agora, de mais um daqueles casos em que as boas intenções não vão além disso.

Caso também da mais recentemente anunciada destinação de imóveis desocupados ou abandonados, pertencentes à União, que seriam destinados, e com agilidade, à habitação popular. Imóveis nessas condições contam-se aos milhares em todo o País, o que também não deixa de ser uma afronta a todos aqueles que não têm teto. Algo tão óbvio que volta e meia adquire as feições de programas de interesse social, que deveriam estar associados aos programas de redução do déficit habitacional, dando assim melhor destinação a equipamentos urbanos não raro em acelerado processo de degradação. Tudo isso, em resumo, é desperdício que agride o bom senso e condena o gestor público.

Com diligência, com vontade de fazer mais e fazer melhor, seria possível ir muito além. Como, afinal, deixar de perceber que o destino de outros bens, de aviões e embarcações e todo tipo de veículos apreendidos pelas mais diferentes razões, é o sucateamento simplesmente porque falta vontade de fazer melhor? Procedimentos mais ágeis, inclusive na esfera judiciária, poderiam fazer uma grande diferença, ajudando também por este lado a barrar o desperdício que de uma forma ou de outra acaba transformado num peso que não precisaríamos estar carregando.

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