Opinião

O efeito multiplicador do cooperativismo de crédito em MG

São 181 cooperativas de crédito, com presença em mais de 80% dos municípios e uma rede formada por 1.700 pontos de atendimento
O efeito multiplicador do cooperativismo de crédito em MG
Foto: Reprodução Adobe Stock

Há muitas décadas, conhecendo de perto as cooperativas de crédito, especialmente no interior, descobri que a principal diferença entre esses empreendimentos e as instituições financeiras tradicionais não estava no portfólio de produtos, mas no jeito personalizado de atender as pessoas. Nas cooperativas, a pessoa que entra para pedir crédito é chamada pelo nome; e é esse mesmo nome que vota, decide e participa do resultado, decidindo os rumos da instituição que o atendeu. Não é só cliente, é dono. Essa diferença, que à primeira vista pode parecer de linguagem, muda tudo, tornando a cooperativa uma parte indispensável da vida do cooperado e da comunidade onde atua.

Minas Gerais é um laboratório vivo dessa história. São 181 cooperativas de crédito, com presença em mais de 80% dos municípios e uma rede formada por 1.700 pontos de atendimento. Em 81 cidades, a cooperativa é a única porta de serviços financeiros. Já me perguntaram se essa presença que contraria a lógica econômica comercial é motivada por idealismo ou teimosia. Diria que pelas duas coisas. Nós, cooperativistas, acreditamos que não existe desculpa para a ausência ou omissão. Abrir uma cooperativa onde “não compensa” pode ser, justamente, o que faz o lugar passar a compensar. Nossa teimosia consiste em não desistir das pessoas.

O Dia Internacional das Cooperativas de Crédito, comemorado em 16 de outubro, não celebra apenas números, mas vínculos, ao lembrar que o crédito, quando cooperativo, é uma decisão coletiva sobre o desenvolvimento local. Não é romantismo. Os dados confirmam o que a gente vê no dia a dia. Aonde o cooperativismo chega, o valor da produção agrícola aumenta, a produtividade avança, a vulnerabilidade social diminui e o impacto social positivo salta aos olhos. É quando a gente observa verdadeiramente a inclusão financeira virando melhoria de vida, com acentuado aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Somos a prova de que dá para encurtar a distância entre poupança e investimento quando as escolhas ficam nas mãos de quem vive os efeitos delas. A cooperativa conhece os rostos. O cooperado sabe onde está o problema. Juntos, eles optam por investir no próprio município e, quando a operação é bem desenhada, o resultado aparece do outro lado do balcão, com consumo e investimento mais dinâmicos e empregos gerados — são 20 mil postos diretos em Minas.

Nosso Estado é exemplo nesse sentido. Em 2024, as cooperativas de crédito mineiras movimentaram R$ 83 bilhões. São 3 milhões de cooperados que formam uma rede viva que permeia a economia real. Eu poderia citar outros números: carteira, depósitos, ativos, mas o que mais interessa é o efeito multiplicador. O dinheiro que fica na cidade, financia a próxima safra, o novo estoque, a sala de aula do curso técnico, e retorna ao cooperado na forma de sobras (participação nos resultados) e de novas oportunidades. É um ciclo virtuoso e sustentável de desenvolvimento que precisa ser cuidado para continuar a prosperar. Não sem propósito, o Papa Francisco, ao nos receber em Roma, proferiu a seguinte frase: “Cooperativismo é a face humana da economia”.

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