Efervescência política na Grande BH

As eleições existem em função da “política”, no sentido aristotélico do termo. Sem adjetivos, deveria ser uma grande e verdadeira aula política, crescendo todos: eleitores, candidatos e partidos, toda a Nação. Eleições funcionam frequentemente para iludir cidadãos e promover carreiras políticas. É a realidade que conheci e enfrentei, desde a infância e a adolescência, nas derrotas do Brigadeiro Eduardo Gomes nos anos 40 e 50. Mais tarde, ele custearia meus estudos de seminário e de filosofia!
Na Grande BH, tivemos uma efervescência política, que mexeu com os cidadãos, apesar de nossa primeira observação, da epidemia e da crise econômica sistêmica. O que explica também a alta incidência de votos brancos, nulos e abstenções.
Após o primeiro turno, um popular, vendedor de água de coco, fez sua análise de conjuntura e vaticinou, sem ideologia partidária: “Agora Kalil vai para o Planalto e Medioli para a Cidade Administrativa”. Quem sabe?…
A Grande BH, coração das Minas e dos Campos Gerais, tornou-se um fator propulsor da história política contemporânea nas quatro cidades. Mesmo mantendo uma visão reformista e não transformadora da sociedade e da política.
Duas causalidades explicam esse desempenho positivo, ainda que reduzido filosoficamente: a primeira porque trata-se de um polo inegável de desenvolvimento econômico capitalista do Estado e do País, destinando “riqueza”para parcela significativa da população e “trabalho” para as massas, que lutam para receber as migalhas que sobram da especulação financeira, os consumidores, tão caros ao sistema.
O segundo motivo é a força pessoal de quatro gestores eleitos: Alexandre Kalil, Marília Campos, Vittorio Medioli e Wander Borges.
Estrategicamente, a Grande BH, centro político, econômico e ideológico do Estado soube superar as forças aglutinadas nos extremos: em torno de Lula, PT, Psol e outros, pela esquerda e em torno de Bolsonaro pela direita. Além da força pessoal e da disposição de trabalho, os quatro candidatos passaram a imagem de identidade e “empatia” com suas populações eleitoras. Isso há anos! A pujança econômica acabou puxando toda a superestrutura, e somando com a força pessoal dos candidatos.
Em BH, Kalil elegeu-se no primeiro turno com 63,36%. Em Betim, também no primeiro turno, Medioli reelegeu-se com 76,34%. Em Contagem, Marília Campos elegeu-se com 51,35%. Pela terceira vez, ela assume a prefeitura, agora mais experiente após dois mandatos como deputada estadual. A margem da vitória foi apertada. Em outro partido, certamente essa mulher guerreira, teria faturado a prefeitura, com folga, no primeiro turno.
Finalmente em Sabará, Wander Borges conseguiu 52,5% da votação. Wander, histórico morador do bairro Nações Unidas, volta a liderar sua cidade histórica pela terceira vez. Seu povo sabe porquê!
A nossa Revolução Industrial aconteceu a partir dos anos 40, em especial graças ao incremento da mineração, siderurgia e metalurgia e ao nascimento da Cidade Industrial Juventino Dias. A esperança é que outras revoluções venham, seja lá qual for a velocidade, tendo como referência as populações da Grande BH e de Minas.
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