Opinião

Eleições no exterior e reflexos no Brasil

Eleições no exterior e reflexos no Brasil
Crédito: REUTERS/Thomas Peter

Este ano começou com a expectativa de que importantes eleições presidenciais ocorreriam em outros países e que as empresas brasileiras que atuam no mercado internacional deveriam acompanhar, uma vez que certamente impactariam nas relações diplomáticas e negócios internacionais aqui no Brasil.

Das eleições esperadas, duas já ocorreram: na Hungria e na França. Outras eleições que poderão impactar nas nossas relações internacionais são esperadas na Colômbia e na China.

Na Hungria, no início de abril, Victor Orbán foi reeleito primeiro-ministro e assumiu o seu quinto mandato com um perfil conservador e um discurso que reforça o seu antagonismo com a União Europeia. O que se espera é que a sua plataforma de governo não tenha muitas diferenças em relação aos mandatos anteriores.

Em fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro fez uma viagem à Hungria e o encontro com Victor Orbán tratou sobre o aprofundamento de parcerias nas áreas de ciência e tecnologia. Dois memorandos foram assinados, um para a promoção de ações humanitárias e o outro para a gestão de recursos hídricos e saneamento de águas, além do anúncio da compra de dois cargueiros KC-390 da Embraer, pelo valor de US$ 300 milhões.

No ano passado, a balança comercial entre o Brasil e a Hungria foi deficitária para o Brasil. No primeiro trimestre deste ano, o resultado apresentou melhora para o Brasil, se comparado ao mesmo período do ano passado, com déficit de US$ 85.950.580,00 em 2022 contra um déficit de US$ 100.902.197,00 em 2021.

Devido às declaradas afinidades entre os dois governantes, espera-se que outras oportunidades de negócios possam ocorrer entre os dois países.

Na França, Emmanuel Macron foi reeleito e certamente continuará com a mesma plataforma de seu governo anterior e posicionamento tenso quanto às relações diplomáticas com o Brasil. Em seu primeiro mandato, Macron se posicionou claramente contra o atual governo brasileiro em questões que envolvem as políticas ambientais, em especial à preservação da Amazônia e, por conta disso, dificultou a consolidação do Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

Diante dessas adversidades entre os dois governos, este relacionamento tenso só tende a acabar caso o atual presidente do Brasil não se reeleja. A balança comercial brasileira é deficitária em relação a esse país. O resultado apresentado no primeiro trimestre deste ano foi de um déficit de US$ 475.749.996,00. Se comparado com o mesmo período de 2021, houve uma melhora, pois apresentava um déficit de US$ 512.951.227,00.

Na Colômbia, as eleições presidenciais devem ocorrer em 29 de maio, com a possibilidade de um segundo turno em 19 de junho. As pesquisas apontam que o candidato Gustavo Petro aparece na frente das intenções de voto. Em vencendo as eleições, Gustavo Petro seguirá os mesmos caminhos que temos visto em países como a Venezuela, Chile e Argentina, ou seja, plataformas socialistas de governo, o que certamente vai em desencontro com o atual governo brasileiro.

Em relação à Colômbia, a balança comercial brasileira apresentou um superávit de US$ 368.221.631,00 no primeiro trimestre deste ano, um aumento expressivo se comparado com o mesmo período de 2021, que apresentava um superávit de US$ 169.775.045,00.

 Em outubro de 2021, foi realizada a VI Reunião da Comissão de Monitoramento do Comércio entre Brasil e Colômbia, que tratou do aprofundamento das condições bilaterais, em especial para os setores agropecuário, automotivo, de plásticos e têxtil e outros assuntos. Se o candidato que está à frente nas intenções de voto vencer as eleições, muito provavelmente estas negociações serão paralisadas ou dificultadas.

Em relação à China, este país vem enfrentando uma desaceleração econômica devido às ações governamentais adotadas, como os lockdowns contra a Covid-19.

No segundo semestre deste ano, a tendência é que o Partido Comunista reeleja Xi Jinping para seu terceiro mandato. Para isso, este presidente promete a recuperação da economia, mas sem desconsiderar as rigorosas medidas de controle da Covid-19.

Como todo e qualquer movimento na economia chinesa impacta o restante do planeta, o Brasil não ficaria de fora, uma vez que tem este país como o seu principal parceiro comercial. A balança comercial brasileira apresentou superávit de US$ 5.090.276.724,00 no primeiro trimestre deste ano. Mas, se compararmos com o mesmo período do ano passado, que apresentava superávit de US$ 6.660.167.842,00, houve uma queda significativa nos nossos negócios com a China.

 Conhecer e acompanhar estes movimentos políticos e econômicos internacionais é de suma importância para que os gestores de empresas que atuam no mercado externo se preparem e estejam prontos para adotar medidas que possam mitigar os riscos aos quais estarão expostos em qualquer situação.

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