Estamos como estamos porque somos como somos

Desde que li essa frase em 2010, na especialização em Responsabilidade Social da PUC Minas, no artigo do professor Genebaldo Freire Dias, nunca mais esqueci do quão importante ela é e do quão representativa ela é, principalmente nos dias de hoje.
Cada ação, cada narrativa, cada comunicação pública mostra ao nosso entorno, sociedade e planeta o que pensamos, o que sentimos e como somos.
Essa semana, mais especialmente no dia 22 de setembro de 2021, na abertura da 75ª Assembleia Geral da ONU, no discurso de abertura, o nosso presidente da República Jair Bolsonaro minimizou as questões ambientais vividas no País, culpou a sociedade civil por propagar a desinformação e subestimou a capacidade intelectual da sociedade mundial sobre temas como economia, meio ambiente, pandemia, problemas sociais etc.
E essa comunicação pública do nosso presidente deixou nítida como o Brasil está e é, aos olhos do mundo.
Um presidente que permite que sua comunicação pública seja mais sobre si (não há princípio da impessoalidade), do que sobre as questões vitais de seu país, mostra ao mundo as nossas fraquezas e consequentemente, as ameaças que nos rodeiam.
Mostramos nossas fraquezas porque diante de uma pandemia que nos rodeia há quase 2 anos, matamos quase 600 mil pessoas, aumentamos a inflação próximo a 10 pontos percentuais ao ano, percebemos queda significativa do PIB, consequentemente aumentamos o índice de desemprego e o empobrecimento da população, bem como o aumento da população de rua. Isso reverbera na sociedade mundial como um país incapaz de gerir as suas questões mais básicas.
Temos a percepção de ameaças nítidas, quando fazemos uma comunicação pública irresponsável, que amplia as sanções comerciais de outros países diminuindo nosso nível de importação; que reverbera em baixa ou em queda de investimentos estrangeiros em novos negócios no País; que cria impedimentos para o livre trânsito de brasileiros no turismo de negócios ou lazer mundial, com o fechamento de fronteiras para o Brasil; e que diminui a expansão do mercado de carbono e investimentos mundiais na Amazônia, pressupostos e acordos do Fórum Econômico Mundial de Davos.
Estamos como estamos porque somos como somos é uma frase que foi traduzida nas manchetes mundiais sobre o Brasil, nessa semana na 75ª Assembleia Geral da ONU:
-Protocolo evita encontro entre Bolsonaro e Biden na Assembleia da ONU;
-Prefeito de Nova York, Bill de Blasio, ironiza presidente Jair Bolsonaro no Twitter;
-Na Comitiva do Brasil à Assembleia Geral da ONU, duas pessoas testam positivo para a Covid-19, dentre elas o ministro da saúde, Marcelo Queiroga; e
-Sem vacina, presidente Bolsonaro almoça em área externa de churrascaria em Nova York.
Para aprofundar a nossa compreensão e deixarmos uma reflexão sobre o que queremos para o nosso País e para o nosso futuro, precisamos sim entender que a nossa voz, seja através do representante maior da nação ou não, tem impactos em toda a sociedade global e que pode ser extremamente danosa.
Para o Brasil ser protagonista na área ambiental, no agronegócio, nas telecomunicações, na tecnologia, na ciência e em outras áreas relevantes, precisa mostrar ao mundo o seu potencial e eliminar definitivamente o embate político mundial que gera disputa entre os meios violentos e a resistência à opressão.
Em outras palavras, precisamos COMUNICAR de forma democrática, assertiva, impessoal, ética e responsável.
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