Expansão do mercado de arte contemporânea

Rodrigo Mitre *
O mercado de arte contemporânea brasileiro ainda é jovem, mas já é conhecido pelo dinamismo e processo de expansão e internacionalização. Conforme relatório anual da Artprice, líder mundial de bancos de dados sobre os índices de cotização da arte, houve um aumento no mercado de arte contemporânea de 19%, entre julho de 2017 e junho de 2018, movimentando até 1,8 bilhão de dólares no mundo. Os preços da arte contemporânea aumentaram 18,5%. Os artistas contemporâneos costumam abordar assuntos relevantes para a sociedade em seus trabalhos, explicando o sucesso da arte contemporânea, segundo o documento.
A partir dos anos 90, com a abertura dos mercados internacionais para a arte periférica, que é o caso brasileiro, observa-se o crescimento do setor. As galerias se profissionalizam, passando a agenciar a carreira do artista, fomentando assim a valorização simbólica e econômica. O artista brasileiro demonstra muita liberdade para atuação na arte sem estar preso diretamente a compromissos políticos e ou religiosos, mas atento ao que está acontecendo. A autonomia gera mais inovação e liberdade. Cada dia mais, pode-se observar projetos artísticos desenvolvidos dentro de instituições, espaços independentes e das galerias e esses projetos acabam, de uma certa forma, por aproximar o público, conquistar mais admiradores e aumentar a comercialização das obras.
Os colecionadores internacionais estão sendo conquistados pelo mercado brasileiro de arte contemporânea, sendo que 88% dos que participaram da pesquisa destacam a qualidade da produção como um dos pontos fortes do artista e 55% citam que a forte e sofisticada base de colecionadores brasileiros é mais um fator relevante do setor. Outro aspecto que atrai público é a recém-comercialização de obras mais baratas, atingindo uma nova geração de colecionadores estrangeiros e também brasileiros.
As vendas para o mercado nacional ainda são maiores, mas a internacionalização já apresenta uma significativa expansão. Nos últimos anos, ocorreu um aumento da diversificação de destinos para as obras comercializadas, quando o número chegou a quase 30 países, com destaque para Estados Unidos, Reino Unido, França e Suíça. Dentre as galerias pesquisadas, 61% afirmaram possuir um planejamento nítido, explícito e institucional para a internacionalização, tornando-se um fator importante para a captação de apreciadores estrangeiros e aumentando as negociações internacionais.
No mercado brasileiro, a arte também se expande e eleva o número de comercialização das obras de arte. As negociações das obras de arte são feitas em maior número dentro das galerias, representando 58% das transações. As feiras também são excelentes espaços e aparecem em 2º lugar com 40% das vendas. Dentre as galerias entrevistadas, 32% informaram ter tido até 50 clientes no ano de 2015, 28,57% afirmaram ter de 51 a 100 clientes, enquanto 17,85% registraram de 101 a 150 clientes e 10,71% de 151 a 200.
Mesmo com o desaquecimento econômico brasileiro e os diversos problemas decorrentes, o mercado de arte contemporânea apresenta crescimento e segue se fortalecendo com novos artistas no mercado nacional e internacional.
- Diretor da Galeria Periscópio de Arte Contemporânea
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