Opinião

Flagrantes de um momento intranquilo

Flagrantes de um momento intranquilo
Crédito: Mídia do Vaticano/Divulgação via REUTERS

Cesar Vanucci*

“Estamos todos no mesmo barco. É o tempo de reajustar a vida.
Só o conseguiremos juntos.”
(Papa Francisco)

· Comunico, em boa e leal verdade, ao distinto leitorado e a quem mais possa interessar, haver vivenciado emoção rara e singular, abrasadora e reconfortante, na sexta-feira, à tarde, 27 de março, ano da graça de 2020. Aconteceu ao acompanhar pela televisão (TV Aparecida), em todos os detalhes captados pela câmera, a celebração litúrgica especial oficiada pelo Papa Francisco. Ela teve início na Praça São Pedro, inteiramente vazia, e continuidade na Basílica do Vaticano. Dirigido a toda humanidade, o imponente ato, de belíssima configuração mística e poderoso simbolismo, foi realizado com propósito de transmitir uma mensagem de paz e amor, nestes momentos de aflições e temores provocados por flagelo fora de controle.

A fala pontifícia, sempre sábia e paternal, focou questões sociais que alvejam em cheio a dignidade humana. Revestiu-se daquele tom misericordioso capaz de trazer tranquilidade à alma e reabastecer de esperança corações apreensivos. Aliviou um bocado as tensões acumuladas pelo inafastável bombardeio noticioso das mídias eletrônicas e impressas com suas argutas e prontas atualizações da marcha dos acontecimentos. Tensões essas que costumam se agravar tremendamente, como sabido, em muitíssimas horas, por conta de alucinadas interpretações dos acontecimentos postas a circular nas redes sociais. O recado de Francisco alcançou diretamente os corações generosos que, malgrado tudo quanto vem ocorrendo, apreendem bem o sentido da vida e confiam no destino superior do ser humano.

· Em certas circunstâncias da vida, proclamar o óbvio é o melhor remédio. Em assim sendo, considerando tudo que anda rolando no pedaço, cuidemos, com saudável obsessão, de conservar a calma, a fé e a esperança. Ainda que, à nossa volta, hajam pessoas, atingidas impiedosamente pelo desalento, que as tenha perdido. Esforcemo-nos por manter permanentemente ligados os aparelhos de percepção pessoais, de forma a não permitir que o medo, assumindo talvez feitio belicoso, encurrale a razão. Procuremos evitar o desencadeamento de impulsos negativos e desagregadores. Importa bastante, agora, utilizar o bom-senso nas avaliações dos problemas que vêm sendo enfileirados diante de nós, nesta amarga contingência. É preciso acatar, com serenidade e bom grado, as recomendações de precaução e prudência ditadas pelas instituições científicas encarregadas do monitoramento da tormentosa questão da pandemia que assola o mundo.

A palavra de ordem é não fomentar, não articular, negar apoio a quaisquer atitudes de insubmissão às regras sanitárias estipuladas, expressando confiança em ações que possam debelar, no futuro próximo, a grave problemática confrontada. Acreditemos, convictamente, que preciosa ajuda, sob a forma de uma egrégora energética positiva, venha sendo estruturada por homens e mulheres de boa-vontade em todas as latitudes deste mundo do bom Deus. Amanhã vai ser outro dia.

· É compreensível que muitos ponham-se a imaginar, tomados de apreensão, o tamanho colossal do estrago que poderá vir a suceder na sobressaltante hipótese de o surto pandêmico deslocar-se, nos grandes centros urbanos, para os morros mal assistidos em matéria de saúde pública. Ou seja, as favelas e aglomerados. Favelas e aglomerados esses que não figurariam, por certo, nos mapas das cidades, caso predominassem na convivência comunitária os postulados da justiça social preconizada nas visões humanística e espiritual da aventura humana. A suposição lógica, no caso dessa temida hipótese se converter em realidade, é de que nos comprimidos becos e nas amontoadas e precárias habitações, onde costuma faltar água e rede de esgoto é luxo, a contaminação se processe com impetuosidade devastadora. Que Deus nos proteja dessa encrenca!

· A origem misteriosa do “Convid-19” gera, em toda extensão planetária, especulações sem conta. As interrogações gravitam no ar. Um mundão de gente quer saber se a calamitosa situação não teria tido como ponto de partida o aquecimento global. Ou outros agravos quaisquer, praticados pela insanidade humana, ao meio ambiente. Há, também, quem imagine que a contaminação provenha de minúsculas partículas nocivas soltas na atmosfera, sabe-se lá como. Instantes de perplexidades e incertezas alimentam, compreensivelmente, as hipóteses mais ousadas.

· Em numerosos redutos voltados para práticas místicas de diferentes tendências, a oração, a meditação e o exercício da solidariedade são insistentemente aconselhados – e agora, obviamente, mais do que nunca – para o enfrentamento de situações que trazem inquietação e sofrimento. Nestes lugares são igualmente recomendados “medicamentos” que fazem parte do “arsenal terapêutico” popular. O sumo do limão, o própolis, o alho, o cravo (para mascar) são alguns desses ingredientes, por sinal incorporados aos hábitos de gerações passadas, indicados para uso preventivo constante.

*Jornalista ([email protected])

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