Opinião

Gestão de pessoas e retomada das atividades econômicas

Gestão de pessoas e retomada das atividades econômicas
Crédito: Freepik

Tito Borges*

Antes de abordar sobre como devemos nos preparar para a retomada, compartilho parte do estudo elaborado pela equipe de Economia e Finanças Empresariais da Fiemg.
As medidas de isolamento social têm gerado perdas importantes.

No varejo, a queda do faturamento do segmento de vestuário foi de 64,2%; de móveis e eletrodomésticos de 39,7%; e os postos de gasolina registram queda de 31,7%. Na contramão, os supermercados e hipermercados observaram uma alta de 16,9% no período, explicada pelo receio de uma crise de desabastecimento de alimentos.

Em Minas Gerais, a projeção para o PIB do setor de serviço é de queda de 8,8% em 2020. O setor deve ser o mais afetado pelas medidas de isolamento físico (social), pela contração da renda e mudança de comportamento do consumidor. Para a atividade agropecuária, as perspectivas são de um aumento de 3,2% mediante a alta na produção do café e da soja.

Por outro lado, o cenário cria oportunidades para a indústria. A curto prazo, produção para produtos da crise (máscaras, EPI e produtos de higienização). No médio e longo prazos, tendem a investir em fornecedores internos, próximos da produção e do consumidor final (desvalorização do real e redução da globalização são motivadores).

Compreendendo cenários – Reconhecemos que pessoas fazem as organizações se moverem. Com o relaxamento dos protocolos de isolamento temos que preparar o retorno às atividades, sejam presenciais ou não.

Estamos em teletrabalho imposto pela pandemia, não em home office. O home office deve agregar valor ao pacote da recompensa oferecido aos empregados, que contém o salário, incentivos, benefícios e o bem-estar.

Transformando aprendizagem em resultado – Para superar os obstáculos e sermos assertivos com a chegada do “novo normal” o benchmarking e publicações de escritórios reconhecidos são insumos. Contar com informações que possam ser traduzidas em conhecimento é diferencial competitivo.

Entretanto, existem atividades que são realizadas presencialmente e a indústria é exemplo do ambiente onde haverá circulação de pessoas. Adiciono a esta condição as realidades distintas das organizações onde os recursos financeiros, materiais, tecnológicos e a atividade-fim tornam os planejamentos customizados.

Conhecendo a sua realidade – Alguns passos são comuns. Quando avaliada na ótica do gestor, conhecer os detalhes do negócio é também um diferencial. Conhecimento ainda não é commodity.

Ao realizar o diagnóstico de seu modelo organizacional, identifique quais são as posições-chave do processo. Reconhecer essas posições auxiliará a tomar decisões com qualidade. Compreenda como a posição-chave agrega valor ao produto. Qual atividade é relevante para a produção, venda ou serviço? Pondere sobre a necessidade da execução presencial. Lembre-se, o home office deve gerar valor para o profissional e permite rever custos da estrutura física para contribuir na eficiência operacional. Assim, você terá uma fotografia da atividade-fim e dos recursos que a envolve.

Também é importante estar próximo das pessoas. Entrevistar o empregado e conhecer as condições vividas ou como foi o trabalho durante o período. Sondar se ficou exposto a situações de risco, se convive com pessoas do grupo de risco, se possui sintomas do Covid-19, se está à vontade com o retorno, qual o meio de transporte utiliza, são exemplos. Ao consolidar as respostas, haverá possibilidades de planejar a construção de um ambiente seguro e saudável para um retorno harmônico e produtivo. Afinal, os relatos são de um alto nível de comprometimento com a sustentação das operações realizadas a distância.

Crie comitês de “boa convivência”, dê publicidade aos protocolos de segurança com indicação dos contatos para comunicar situações de maior atenção. Cada ação exige cuidado e atenção.

Fornecer proteção dará conforto, higienização constante e sinalização para manter o distanciamento e que incentivem os hábitos seguros como lavar as mãos, uso do álcool em gel e utilização das máscaras, também são importantes.
Planejar um cronograma robusto e transparente de comunicação com informações e orientações manterá o empregado informado e evita a disseminação de fake news.

É importante capacitar os empregados para abordarem os visitantes de maneira educada e responsável. Dessa forma, podem orientar os demais públicos a executarem e respeitarem o protocolo de convivência para superar o momento e contribuir para a aceleração da retomada.

Juntos, podemos superar essa situação, buscando novos modelos de organização e trabalho comprometidos com uma que trará a “nova normalidade”.

*Executivo de RH da Fiemg e atua com gestão de carreiras e remuneração desde 2006

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