Opinião

Gorbatchev, confraria, procedimentos terapêuticos

Gorbatchev, confraria, procedimentos terapêuticos
Crédito: REUTERS/Sergei Karpukhin

O mundo não aceitará ditadura ou dominação” (Mikhail Gorbatchev)

1) Gorbatchev – Coragem hercúlea! A expressão cai como luva para definir a personalidade de Mikhail Gorbatchev, um dos vultos mais importantes e decisivos do século 20.  O último dirigente da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, com a Perestroika e a Glasnost, num “mea culpa” comovente que impactou a humanidade e alterou, de certa maneira os rumos da história, reconhecendo o fracasso da experiência comunista, deixou um legado de intrepidez raramente detectado na atuação dos grandes lideres. Arrostando incompreensões e hostilidades sem conta, em seus vastos domínios políticos onde, por muitos acabou sendo visto como vilão e não herói, Gorbatchev assumiu posicionamentos que redundaram no fim da “Guerra Fria”, sem derramamento de sangue, na queda do famigerado “Muro de Berlim” e na libertação de vários países europeus do julgo tirânico bolchevista. Tornou-se ativista dedicado em favor da restauração das liberdades públicas e na condenação dos crimes de lesa-humanidade cometidos na era Stalinista. Pelos seus feitos ganhou merecidamente em 1990 o Nobel da Paz. Não se afastou da política, embora sem o relevo desfrutado no passado. Perdeu uma eleição para presidente e divergia politicamente do atual presidente russo Vladimir Putin. Faleceu no último dia 30 de agosto, em Moscou, aos 91 anos de idade. Fez jus a registro destacado na memória universal.

2) Confraria – A controvérsia jurídica nascida em torno da pertinência ou não da decisão tomada pelo Ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, enquadrando um grupo de empresários por supostas práticas delituosas de caráter antidemocrático parece estar se desfazendo com as revelações trazidas dos autos para conhecimento público. Pelo que se depreende dos relatórios da Polícia Federal recentemente revelados, a chamada “confraria golpista” andou realmente promovendo ações concretas lesivas ao regime democrático. Os procedimentos de seus integrantes não ficaram adstritos apena à troca de mensagens no WhatsApp, externando opiniões de desagrado com relação a lances corriqueiros da política. Estenderam-se, sim, a atos que não podem deixar de ser vistos como ameaça e agressão às instituições democráticas. Essas observações derivam naturalmente da leitura atenta de textos constantes do processo liberado de sigilo pelo Ministro Alexandre de Moraes, que outra coisa não fez se não acatar solicitação formulada pela Polícia Federal ao decretar as sanções comentadas.

3) Procedimentos terapêuticos – Já aterrissou na mesa de despachos do Planalto à espera de sanção presidencial, o projeto proveniente do Congresso que estipula a obrigatoriedade de os planos de saúde garantirem cobertura a todos os procedimentos terapêuticos recomendados. Ocorre que, na atualidade, para fins de cobertura, prevalecem unicamente procedimentos indicados em uma lista aprovada pela Agencia Nacional de Saúde. A lista em questão não contempla  numerosos atos de relevância no tratamento da saúde dos usuários. A expectativa geral é de que essa situação seja logo regularizada por representar medida de enorme alcance social e interesse público.

4) historinha apropriada para estes tempos conflituosos – Numa hora em que vicejam, por tudo quanto é canto, discussões estéreis, às vezes histéricas, motivadas por posicionamentos políticos inflamados, avessos ao diálogo construtivo de feição democrática, a historinha que se segue parece encaixar-se como luva. O discípulo indaga ao Mestre: – “Diga-me, Mestre, qual o segredo da felicidade”? – “O segredo, meu filho é não discutir com pessoas fanáticas e imbecis”. Retruca o discípulo: – “Permita-me dizer, Mestre, que discordo do seu ponto de vista.” O mestre retoma: –“E não é que você está coberto de razão, meu filho?”

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