Opinião

Harmonia e desenvolvimento, uma obra coletiva

Harmonia e desenvolvimento, uma obra coletiva
Crédito: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O Produto Interno Bruto (PIB) é a soma de todas as riquezas produzidas em um país pela totalidade de seus habitantes. Esta é uma definição que conhecemos bem e que está sempre presente em nossas vidas. Sempre queremos saber se a economia do nosso País vai bem ou se precisa melhorar – e o comportamento do PIB é um dos melhores indicadores de avaliação. PIB forte, com crescimento firme e duradouro no horizonte do tempo, é, também, garantia de bem-estar e qualidade de vida para a população, desde que produzido de forma sustentável e distribuído de maneira justa. Como se vê, a construção do PIB de uma nação é obra coletiva de todos e de cada um de seus cidadãos.

Também é do conhecimento de todos que muitas variáveis interferem e condicionam a performance do PIB de um país – de ordem econômica, social, política e até mesmo cultural. Uma, em especial, assim como na formação do PIB, também configura obra solidária e coletiva. Refiro-me à construção de um ambiente propício aos investimentos que movimentam a roda da economia, estimulam a produção, geram trabalho, riqueza, asseguram crescimento e produzem transformação e inclusão social. Algumas palavras traduzem bem a expressão “ambiente propício aos investimentos”: paz, tranquilidade, estabilidade, serenidade, solidariedade. Em síntese: harmonia.

Neste momento, mesmo sob os impactos da forte crise sanitária e econômica, o Brasil apresenta vitalidade para retomar o caminho do crescimento. Dispõe de recursos naturais abundantes, mercado interno cobiçado pelo mundo inteiro, é um gigante global no setor agrícola, avança no campo da inovação e tecnologia, desperta o interesse de investidores internacionais, tem as contas externas organizadas e, mais importante, uma gente disposta e vocacionada ao trabalho.

Falta-nos, no entanto, a postura comportamental adequada. Falta-nos sonhar, arregaçar mangas, trabalhar e acreditar que é possível. Falta-nos o propósito de buscar a paz, a disposição para o diálogo, serenidade para ouvir e falar. Falta-nos compreender que a partir das divergências podemos construir entendimentos e evoluir, que podemos divergir sem confrontar, e o discernimento de que acima de pessoas e de grupos estão o bem comum e os interesses do país. Não é pouco, mas podemos preencher estas lacunas se este for o propósito sincero e determinado de todos.  É, sim, tarefa coletiva e solidária que compete a cada um e a todos. Que não queiramos transferir exclusivamente aos governantes – no Legislativo, no Judiciário e Executivo – a missão e responsabilidade de acalmar a nação e buscar a paz. Não me refiro a uma paz angelical, utópica, até mesmo porque um certo nível de tensão é normal e positivo, como nos ensinam a própria natureza e os velhos ditados – a pressão arterial do corpo humano e “carro apertado é que canta”. Mas para tudo há limites. Se a pressão do nosso corpo subir muito ou se carregarmos demais o carro de boi, teremos problemas.

Bom senso e equilíbrio precisamos ter também no campo da comunicação, especialmente no uso das poderosas redes sociais, que se desenvolveram aceleradamente neste século 21. Elas garantem a todos escrita, voz e imagem, amplificando a capacidade de manifestação das pessoas e promovendo a inclusão social – e isso é bom para a sociedade e é bom para a democracia. Precisamos aprender a utilizá-las e aqui trata-se novamente de uma construção coletiva da sociedade brasileira. Moderação, prudência e compromisso com a verdade. Lembremo-nos de que as mensagens são como flechas, quando disparadas não voltam mais.

Precisamos ser ágeis – e não é o momento de buscar culpados, o que só contribuiria para agravar o cenário já bastante conturbado. É hora de buscar saídas, novos caminhos – sabemos o que está errado e, também sabemos, fartamente, o que precisa ser feito. Aos governantes competem a missão e a responsabilidade de liderar a sociedade brasileira na transição entre os atuais tempos de incertezas até a retomada firme do crescimento econômico com a necessária inclusão social.

Mais que em qualquer outro momento de sua história recente, o Brasil precisa encarar e vencer os desafios que tem pela frente e iniciar uma jornada longa e duradoura de crescimento sustentado. Nas últimas décadas, outros países, com destaque para os asiáticos, conseguiram mudar suas realidades – saíram da zona de pobreza, de renda média e evoluíram para o rol das economias e sociedades avançadas. Não podemos nos conformar e nem aceitar “voos de galinha”. Hoje, são mais de 14 milhões de trabalhadores desempregados e, quando se incluem pessoas subutilizadas e na condição de subemprego, trabalhando menos horas do que podem e precisam, ganhando menos que o adequado, chegamos a um contingente na casa dos 30 milhões de brasileiros. Quando falta trabalho e remuneração justa, acaba faltando tudo, começando pela dignidade das pessoas.

Legislativo, Judiciário e Executivo, os três poderes da República, são, sim, independentes, mas também precisam ser aliados na missão de conduzir a sociedade brasileira e o País na caminhada de retomada do crescimento. Este é o rumo certo e é nele que os brasileiros querem andar. A disposição para o diálogo, para o entendimento, para as mãos estendidas e a solidariedade sempre foram a vocação maior do brasileiro, até porque, sabemos todos, a intolerância nunca foi e jamais será uma opção.

          

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas