Holocausto, nunca mais (II)

Loucura, sim, mas há um método nela”. (William Shakespeare, dramaturgo)
Sem, naturalmente, possuir a força desagregadora, de características luciferinas revelada nos tempos do Holocausto, o nazismo ainda é cultuado nalguns bolsões espalhados por diferentes partes do mundo. A virulência em grau demencial é da essência nazista. Os “camisas pardas” com seus odientos preconceitos e idiossincrasias, não perdem ocasião para blasfemar contra a dignidade da vida. É só pôr tento na retórica e nas atitudes que assumem quando se sentem mais à vontade para expor suas alucinantes interpretações das coisas. Negacionistas confessos da ciência e dos valores humanísticos imprimem traços de loucura no que fazem. Loucuras sim, mas com um método, argumentaria Shakespeare.
Afiguram-se, por conseguinte compreensíveis o interesse e a preocupação das lideranças mundiais compromissadas com os ideais democráticos e com os valores do espírito em monitorar as ações de grupos minoritários de militantes neonazistas que, vez por outra, cometem atentados que lembram remotamente as práticas tenebrosas que desembocaram, no passado, no Holocausto.
Frisemos mais uma vez. À medida que aprofundou o conhecimento das estarrecedoras informações, bem documentadas, a respeito dos eventos cruéis e sádicos nos campos de extermínio, a Humanidade sentiu-se na obrigação de indagar, atordoada, como se fez possível uma brutalidade dessa descomunal proporção em época tão próxima do presente estágio de desenvolvimento civilizatório. Causou-lhe estupefação e revolta saber que a insanidade racista de modo geral, antissemita de modo especial, haja alcançado, no período nazista, grau de paroxismo tão exacerbado. Mais: que tudo isso tenha transcorrido com a conivência da sociedade alemã e indiferença omissa de influentes dirigentes políticos e religiosos no palco internacional, já que as perversas perseguições às minorias alvejadas, judeus, sobretudo, começaram muito antes da deflagração da guerra.
É indisfarçável a preocupação dos alemães de hoje de verem seu passado desgarrado, tanto quanto possível, da aventura hitlerista. O cinema, com filmes como “Operação Valkiria”, e a literatura aprestam-se a essa modalidade de exorcização. Mas a carga do passado alemão é terrivelmente pesada. Impossível ignorar o que ocorreu. Os alemães, em geral, participaram de alguma maneira do Holocausto. O sentimento antissemita grassava solto nas diferentes camadas da população. Impossível desconhecer o que acontecia nos campos. Só Auschwitz garantia 8 mil empregos para alemães.
De outra parte, por excesso de conveniências diplomáticas, ou de outra ordem qualquer, figuras de proa nas grandes decisões mundiais optaram, estranha e deploravelmente, por silenciar o que sabiam sobre as violações aos direitos fundamentais cometidas em terras germânicas.
Os 77 anos do Holocausto, não podem, está claro, deixar de ser lembrados. Holocausto, nunca mais.
Vez do leitor.
●Elio Hideo Baba: “Prezado Vanucci, tenho lido algumas das colunas que publica e que tenho o privilegio de ler! Gostaria de te dizer que você é muito objetivo e tem uma facilidade muito grande de prender o leitor nas suas narrativas.”
●A propósito do artigo “A Anvisa e o sentimento nacional” (DC.15.01 ), assim se manifesta José Odilon Coelho Leal: “Belas considerações Cesar. Concordo com todos os questionamentos do General.”
● Ilma de Fátima, assim se pronuncia sobre o mesmo artigo: “Dizer não para a vacina é assinar o próprio atestado de óbito. Lutamos contra um inimigo invisível… infelizmente a vacina é o que temos para hoje! Que Deus nos proteja.”
● O comentário “Uma encrenca chamada Ucrânia” (DC, edição de 8.2) suscitou esta mensagem de Mariluce Pagano: “Tem razão. O instinto guerreiro do homem não arrefece. O que ele gasta com armamento!…”
Ouça a rádio de Minas