Opinião

Imponente marco democrático

Imponente marco democrático
#Opinião | Imagem: Pexels/ Adaptação: Will Araújo

“Discordância não precisa ser causa para uma guerra total.” (Joe Biden, na posse)

• Acontecimento majestoso se desenrolava noutras plagas. Mas parecia que tinha a ver conosco, no Brasil. E, certeiramente, com a gente de outras paragens mais. A solenidade de posse de Joe Biden, dias depois da tentativa frustrada do golpe de Donald Trump, marcou instante muito especial na história da democracia.

O comportamento da opinião pública e das lideranças norte-americanas, diante da invasão do Capitólio por milicianos talebanistas, apoiadores da “nova ordem mundial” de que o amalucado Trump se fez arauto, fixou um marco grandiloquente na trajetória, inçada de ameaças soturnas e desafios perturbadores, da expansão aprimorada e da consolidação almejada dos ideais democráticos. As cenas levadas ao mundo inteiro, mostrando o saudável entrelaçamento das lideranças do país em torno dos valores magnos da nacionalidade, atestando para Trump e seguidores que a democracia mesmo sendo um regime com fragilidades, ainda assim é a melhor forma de governar pessoas e administrar coisas até aqui inventada. A lição transmitida ecoou em todas as partes, fortalecendo as parcelas majoritárias da sociedade que compartilham as crenças democráticas e enfraquecendo as propostas dos extremismos de quaisquer matizes. Da lição se extrai também que as opiniões contrárias em assuntos importantes trazidos a debate político são da essência do regime. A intolerância mórbida, o ódio implacável na convivência, negando esses valores, constituem o avesso dessa forma salutar de relacionamento público e de apreço às liberdades. De certa maneira, tudo isso foi repassado no incisivo pronunciamento de Biden, como evidenciam os trechos reproduzidos na sequência.

“A democracia prevaleceu. Hoje celebramos o triunfo não de um candidato, mas de uma causa, a causa da democracia.”// “Política não precisa ser um fogo violento que destrói tudo em seu caminho. Cada discordância não precisa ser causa para uma guerra total.”//“Aqui estamos, onde há 108 anos, em uma outra inauguração, milhares de manifestantes tentaram impedir mulheres corajosas de marchar e pelo direito de votar. E hoje nós marcamos o juramento da primeira mulher na história americana eleita para o cargo executivo nacional, a vice-presidente Kamala Harris. Não me digam que as coisas não podem mudar.”

• Essa, me façam o favor, estava fora do enredo. Ninguém com ela contava. Nem mesmo os mais escaldados em “decepitudes”, como diria o prefeito Odorico Paraguaçu, com as tricas e futricas da política. O Brasil, mal começou, interrompe a produção de vacina e não tem, no momento, data certa para começar a segunda fase da imunização. Orientações equivocadas nos negócios diplomáticos, nas tratativas com países do Brics, grupo do qual o Brasil faz parte, são apontadas como causa desse inacreditável estado de coisas a que se chegou. Segundo o que veio à tona, o Butantan e a Fiocruz, instituições respeitadas e bem aparelhadas para executar sua missão na fabricação de vacinas, estão de pés e mãos atados, nesta hora, para levar avante sua importantíssima tarefa, pela ausência de insumos essenciais. Os insumos dependem de importações provindas de parceiros do Brasil no Brics e no comércio externo.

Gafes diplomáticas incompreensíveis, de caráter ideológico inaplicável na tradicional convivência política e comercial. Cometidas por despreparados agentes públicos tupiniquins, geraram situações constrangedoras que poderiam perfeitamente ter sido evitadas com um mínimo de bom senso e tato. E agora, José? O jeito é esperar que, da esfera governamental, surjam vozes lúcidas, providas de sensatez, propensas a diálogos construtivos, capazes de desfazer os mal-entendidos nascidos desse contexto enfermiço que produziu contendas desnecessárias à conta de visões distorcidas da realidade.

Falha nossa: No artigo anterior, “Previsão extraordinária de Wilson Miranda”, mencionamos o livro “Um certo Dom”, quando o correto seria registrar “Realismo Fantástico”.

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