Impressões de um telespectador

“A programação de filmes na televisão deixa a desejar.” (Domingos Justino, educador)
A reclusão, desagradável mas indispensável, com prazo incerto de duração, ampliou o tempo de um bocado de gente pra ver tevê. E tome novela! E tome Covid! E tome notícia sobre problemas angustiantes! Problemas que já poderiam já ter sido varridos das preocupações humanas, caso houvesse vontade política, sensibilidade social, disposição fraternal, nas decisões das lideranças incumbidas de administrar a infinitude de bens prodigalizados à humanidade para que construa um mundo de paz e bem-estar.
Retomemos o foco. Fixando atenção em aspectos prosaicos desse formidável instrumento que proporciona cultura, lazer, informação a milhões, este escriba resolveu anotar ligeiras impressões sobre o que tem captado na telinha, nesta hora de “distanciamento”. De cara, dá pra perceber que o “padrão global de qualidade” de agora já não é mais o de outrora. Ainda assim, a Globo supera as demais. A série “The Voice”, em suas variadas versões por faixa etária, é atração que faz por merecer aplausos. O realce fica por conta do pessoal da “melhor idade”. Falar verdade, a plateia se depara, nas apresentações, com intérpretes desconhecidos que “botam no chinelo” figuras consagradas na área do entretenimento. A constatação sugere que, no competitivo mundo artístico, o talento pode ser sobrepujado, nas exibições em palcos e gravações, por fatores que o mero entendimento do leigo não alcança.
Na Record, o programa “Canta comigo”, tem características similares ao “The Voice” infantil. A composição do júri (100) eleva a emoção na hora da aplicação das notas.
Projetadas, agora, em formato condensado, as novelas da Globo, reunindo atores de primeira linha, oferecem, nada obstante a profusão de enredos criativos, algumas características em comum dignas de nota. Há sempre casório desfeito na hora da noiva subir ao altar. Há sempre, também, alguma tentativa de homicídio, com o vilão voltando a procurar a vítima mode que consumar o ato criminoso. Na “hora H”, a ação é invariavelmente frustrada por lance inesperado.
A disputa acirrada das equipes de jornalismo tem oferecido, nos canais especializados, informação de bom nível, seja na CNN, seja na Globo News, ou na Band News.
O inevitável repeteco de programas bem que poderia inspirar a Globo a trazer de volta, para deleite dos telespectadores, novelas que marcaram instante especial na dramaturgia. “O Bem Amado” e “Gabriela” são amostras frisantes desse apreciável acervo que gostaríamos de rever. O mesmo pode-se dizer quanto a musicais inesquecíveis. Entre eles, “Vinicius para crianças – Arca de Noé”, que brindou o saudoso Augusto Cesar Vanucci com os primeiros “Emmy” e o “Ondas”(Inglaterra), conferidos a brasileiro. Os arquivos do canal guardam outras preciosidades na linha dos musicais. Há uma sequência magnífica sobre grandes compositores da MPB, que poderia estar adornando a programação.
Um item que deixa a desejar, em todos os canais, diz respeito a filmes. Os cinemeiros se perguntam por qual motivo as emissoras, mormente as que se dedicam exclusivamente ao gênero, não incluem na grade sucessos que arrancaram recordes de bilheteria e louvores da crítica? A menção de quatro deles, dois dramas românticos, um drama social e um musical, serve de ilustração: “Casablanca” (com Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Claude Rains e Paul Henreid), “E o vento levou” (com Vivien Leigh, Olivia de Havilland, Clark Gable e Leslie Howard), “A doce Vida” (Marcello Mastroianni, Anitta Ekberg) e “Sinfonia em Paris” (Gene Kelly e Leslie Caron).
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