Opinião

Inflação bate recorde e cenário pode piorar

Inflação bate recorde e cenário pode piorar
Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

No cenário atual um dos indicadores macroeconômicos que tem assustado os brasileiros é a inflação. Os dados divulgados, na última terça-feira (10/08), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mensura a inflação no Brasil, apresentou um aumento de 0,96% no mês de julho, quase que o dobro registrado no mês anterior (junho). Essa é a maior variação para um mês de julho desde 2002.

O principal responsável por essa aceleração no mês de julho é a energia elétrica, com um aumento de 7,88% ante 1,95%.  O principal fato da aceleração da inflação nesse item é o reajuste de 52% devido à mudança de bandeira tarifária, visando repassar aos consumidores o aumento dos custos desse item, ocasionados pela baixa dos reservatórios de água em todo o país, que tem como principal fonte de energia as produzidas por hidrelétricas. Esse aumento no custo da energia elétrica reflete no grupo de produtos e serviços de habitação, que apresentou alta de 3,1% no referido mês.

Entretanto, esse não é o único grupo a apresentar aumento. O grupo de transporte continua apresentando aumentos consecutivos, com crescimento de  1,52% no mês de julho, reflexo do aumento dos preços das passagens aéreas (35,22%), que começam a apresentar uma retomada do movimento de passageiros a medida em que a vacinação avança, e as medidas de restrição social são flexibilizadas; e dos combustíveis, que continuam a apresentar aumentos consecutivos, principalmente a gasolina, que apresentou alta de 1,55% em julho depois de ter subido 0,68% no mês anterior.

Entretanto, uma noticia para aliviar os aumentos inflacionários no mês de julho é a deflação do grupo de saúde e cuidados pessoais, que apresentou um resultado de -0,65%, influenciado principalmente pelo do reajuste negativo de -8,19% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no início do mês de julho. Porém. Esse grupo ainda apresenta uma variação acumulada no ano de 2,77%.

No ano, o IPCA apresenta alta de 4,76: a mais alta desde maio de 2016 e bem superior ao da meta central do governo para a inflação em 2021, que é de 3,75%. E o cenário tende a se agravar se o ritmo se mantiver, já que o índice acumulado nos últimos 12 meses chegou ao valor de 8,99%, se distanciando ainda mais do teto da meta estabelecida pelo governo, de 5,25%. O mercado financeiro continua acreditando em uma desaceleração no ritmo de crescimento da inflação até o fim do ano, uma vez que na última pesquisa Focus do Banco Central, a expectativa era 6,88% ao final de 2021, apesar de ter sido elevada devido a essa aceleração do índice no mês de julho.

Essa expectativa desaceleração da inflação até o fim do ano está relacionada com as medidas que vêm sendo adotadas pelo Banco Central. Na semana passada, o Copom adotou uma postura mais agressiva no reajuste da taxa de juros, aumento em 1 ponto percentual a Selic, de 4,25% para 5,25% ao ano. Com isso, o mercado financeiro passou a prever uma taxa de juros mais alta ao final do ano, de 7% para 7,25%.

Por fim, é válido ressaltar que apesar de todos os esforços para conter a inflação, principalmente com a perspectiva de aumento da taxa Selic, a inflação ficará muito acima da meta central do governo para a inflação em 2021, que é de 3,75%, e muito provavelmente acima do teto da meta, que é de 5,25%, nos resta saber é o quanto ficará acima do teto da meta. Esperemos que não muito.

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