Inflação brasileira é a 3ª maior do G20

Ir ao shopping, ao supermercado, a um restaurante ou posto de gasolina tem sido uma experiência cada vez mais indigesta para os brasileiros nos últimos meses. As oscilações da nossa economia vêm provocando uma inflação que já é a 3ª maior do G20 – o bloco dos 20 países com as maiores economias do mundo. A esta altura do campeonato, estamos atrás apenas da Turquia e da Argentina.
É o que diz o relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que comparou os índices de inflação destas nações. O IPCA, uma das réguas que medem o cenário nacional e que serviu de base para o documento, cravou 11,3% no acumulado de 12 meses até março deste ano. Não que seja motivo pra comemorar, mas estamos bastante distantes dos vizinhos argentinos, que sofrem com uma inflação cavalar de 55,1% no período, e da Turquia, que chegou a assustadores 66,1%.
Abaixo do Brasil, aparecem em 4º lugar do ranking os Estados Unidos (8,5%) e, em 5º, a União Europeia (7,8%). A média do G20 é de 7,9% e da própria OCDE é de 8,8%. Está bastante claro que a economia global vive um cenário insólito de inflação alta, inclusive nos países mais estáveis. Mas também mostra o quanto o Brasil é frágil nesse ambiente. Diferentemente da Turquia e da Argentina, o País tem uma matriz energética poderosa, que o coloca numa posição de protagonismo no planeta.
Um primeiro fato é que a crise global é consequência de uma série de fatores anteriores ao Covid-19, mas também das medidas de isolamento adotadas durante a pandemia e da guerra entre Rússia e Ucrânia, sobretudo pela elevação dos custos de commodities agrícolas e energéticas. Por sinal, são dois setores em que o Brasil é uma potência produtiva. Isso leva a um segundo fato, que é o desequilíbrio provocado pelas relações de consumo. Em outras palavras, houve um deslocamento da lógica de oferta e de demanda que resultou numa alta desmesurada dos preços de diversos produtos.
No Brasil, os preços dos combustíveis tornaram-se o principal símbolo dessa crise, mas o pior impacto da inflação foi sobre o diesel, que desencadeou um efeito cascata que atingiu os preços de praticamente todos os produtos alimentícios. Na tentativa de conter essas altas generalizadas, o Banco Central adotou a estratégia de elevar a taxa Selic, que cresceu 9,25% desde maio do ano passado, e hoje está em 12,75%. Acredita-se que os impactos dessa medida ainda deverão ser sentidos, mas os efeitos colaterais já aparecem: o acesso ao crédito fica mais caro, onerando ainda mais uma população cada vez mais endividada e dificuldade investimentos em produção por parte das empresas.
Importante dizer que essa é uma tentativa honrosa de buscar solução. Mas a inflação brasileira em 3º lugar do G20 é, sem dúvida, um retrato bastante fiel da economia. E com direito a cereja do bolo: no segundo semestre entra na pauta com mais força a corrida presidencial, que tradicionalmente pode provocar oscilações em todo mercado, incluindo o câmbio.
Diante de tantas questões, fica difícil visualizar com clareza a direção para qual a economia brasileira está caminhando, mas uma coisa é certa, é necessário uma alinhamento entre questões políticas e econômicas para que possamos vislumbrar um cenário mais promissor no futuro.
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