Inovar presume sucesso

Há que se lembrar quem nem tudo é novo, e a experiência humana do erro e do acerto – muito antes da invenção da escrita ordenando os conhecimentos e registrando fatos e conquistas ao longo de milênios – sedimentou novos saberes, habilidades mentais e manuais indispensáveis à humanidade. Os processos de mudanças são complexos.
Os cuidados com os rebanhos domesticados somam milhares de anos, e o primeiro arado tracionado por bovinos data de 1500 aC, sendo que a era da agricultura, há 10-12 mil anos passados nesse planeta Terra, mudou o rumo da história e das relações sinérgicas dos grupos sociais e das sociedades emergentes com os recursos naturais escassos ou aparentemente abundantes. Pode-se aceitar também que as plantas e animais mais vigorosos foram “selecionados e replicados” séculos antes da descoberta e prática do melhoramento genético via observação humana das lavouras e criações, com seus ciclos biológicos diferenciados!
Além disso, as pirâmides do Egito ainda desafiam a moderna engenharia; o motor a quatro tempos tem 136 anos; a fórmula do N+P+K comemora 180 anos; o Raio-X existe desde 1895; e a primeira semente híbrida “nasceu” em 1909, nos EUA; Teorema de Pitágoras (500 anos aC.), revolucionando a geometria e as históricas construções ao longo dos séculos pesquisadas pela arqueologia. A primeira referência concreta sobre a fabricação de queijos foi feita pelos sumérios há 3.500 aC. Contudo, há um precedente comum em toda tecnologia gerada nos centros de pesquisa, desenvolvimento e predominando uma fonte primária poderosa e complexa; a Natureza, da qual dependerá substantivamente os avanços da Ciência & Tecnologia! Vejamos: o petróleo tem custo zero na origem de sua formação há milhões de anos nos continentes e nos mares e oceanos da Terra!
A penicilina derivou-se de um fungo, o Penicillium notatum, sendo uma emblemática descoberta casual do médico e bacteriologista Alexander Fleming em 1928.
E mais, muito antes do gênio Santos Dumont, os pássaros já voavam há milhares e milhares de anos pelos céus desse mundo controverso e instigante, com singular orientação de chegada e saída, incluindo-se as grandes migrações pelos continentes e mares da Terra; tecnologia de ponta e singular orientação magnética? O que seria da fotossíntese sem a luz solar? A energia eólica sem vento?
O Sol é uma fonte de energia nuclear, com bilhões de anos funcionando, antes de Angra I, no Estado do Rio de Janeiro. Não é filosofia, são fatos mensuráveis!
Embora não possa ser uma novidade, a informação exige ser transformada em dado; o dado em conhecimento; e o conhecimento em boas práticas compartilhadas nas culturas e criações nos domínios dos estabelecimentos agropecuários que somam 5,074 milhões no Brasil, sendo 607,4 mil em Minas Gerais, com suas singularidades econômicas, ambientais e gerenciais; conectividades entre a tomada de decisão e os resultados planejados. Os cenários de campo abrigam os produtores familiares, médios e grandes empresários do agronegócio brasileiro, portanto, as abordagens tecnológicas são diferenciadas. Um exemplo prático e por hipótese: um produtor colheu 12 mil quilos de milho em média nos 100 hectares cultivados, e esses dados precisam ser decifrados à luz da inovação tecnológica adotada nessa cultura; análise de solo; sementes; plantio; espaçamento, adubações, tratos culturais; irrigado ou sequeiro; relação custo-benefício; colheita; o déficit de armazéns é de 100 milhões/t/grãos.
Poder-se-ia afirmar que todo produtor de milho saberia disso, o que é pouco provável! Essa lógica vale para outras culturas e ajustadas às criações de pequenos e grandes animais, e mais considerando-se as respectivas condicionantes tecnológicas e os estímulos de mercados.
Na minha perspectiva, portanto, limitada, apesar dos notáveis avanços da Ciência & Tecnologia ao longo de séculos e do empenho e dedicação dos cientistas e pesquisadores, estamos apenas arranhando o que está por vir nesse viger do século XXI, uma porta aberta de passagem para o século XXII, salvo eventual e grave acidente percurso! A integração constante entre os cenários acadêmicos e o agronegócio é indissociável!
A tese da inovação a ser aplicada no futuro presumível, seria relevante testá-la desde agora para ganhar prazos num horizonte de tempo. O futuro distante é hipótese!
Assim posto, inovar presume sucesso, mas implica em algumas condicionantes inseparáveis na tomada de decisão de quem planta e cria; mercados, preços, adoção de boas práticas, gestão dos estabelecimentos rurais, acesso à informação, propensão ao risco, experiências vividas no campo, habilidades mentais e práticas, capacidade de inovar e escolhendo alternativas em seus negócios agropecuários; é uma decisão conjuntural!
O agro brasileiro, desde a década de 1970, é um exemplo da capacidade dos produtores brasileiros em vencer barreiras, limitações, e projetar-se no mundo como uma substantiva parceria na produção e oferta de alimentos, fibras, biomassa, produtos florestais e energia limpa renovável, amparado também em políticas públicas vigorosas e objetivas.
É fundamental também alocar recursos suficientes e oportunos à Ciência & Tecnologia compartilhada com milhões de empreendedores rurais e na sociedade a que todos nós pertencemos como os principais atores das mudanças socioeconômicas, e às ligadas aos recursos naturais, finitos. A tese da abundância é descartável.
O primeiro registro de adubação foi na China em 8 mil anos aC., e às margens do rio Amarelo. Os queijos e os azeites são fabricados há milhares de anos, e MG se consagra também na oferta de azeites finos, queijos artesanais, vinhos, cafés e cachaças, com prêmios e medalhas de ouro, prata e bronze em concursos internacionais.
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