Opinião

Janeiro Branco – o mundo das emoções

Janeiro Branco – o mundo das emoções
Crédito: Divulgação

Máquinas têm problemas, mas seres humanos têm emoções. Com esta máxima podemos interpretar nosso mundo mental segundo a segundo. Daí a criação do janeiro branco para lembrar da Saúde Mental. Nossas atitudes provêm de influências profundamente arraigadas em nosso âmago, quer conscientes, inconscientes e às vezes decorrentes de vibrações características até de defeitos de nosso ente físico que nos constitui.

A Medicina, a Psicologia, a Administração com sua Gestão de Pessoas e inumeráveis outras ciências carregam consigo a arte de compreender as pessoas em sua individualidade e no coletivo. Desde que o homem habita a terra ele procurou se agregar em comunidades. É interessante como a necessidade de colaboração para se munir de habilidades complementares o fez constituir comunidades onde quer que ele originalmente tenha habitado em longínquas regiões do planeta. É digno de nota que havia um número “mágico” de 142 pessoas por agregamento, para viverem em equilíbrio, quer essa comunidade fosse na África, na Oceania, no Ártico ou qualquer outro local que seja. A partir daí ocorria um desprendimento do grupo excedente para viver sua própria identidade. Assim, desde os primórdios testemunhamos a ocorrência de distanciamento entre grupos de pessoas e sua cisão, pois conviver é um desafio. As tensões da separação, as disputas internas e depois a disputa por espaços, territórios e dominação não são isentas de cicatrizes ou traumas, emocionais ou físicos, bem sabemos.

No mundo moderno, aprender a conviver com as diferenças é um aprimoramento social com dinâmica constante, quer sejam nas leis, quer no comportamento das mídias sociais, mas principalmente na convivência em família e no ambiente do trabalho. O ambiente de convivência íntimo de uma em cada três pessoas sofre continuamente de tensões que levam ao sofrimento emocional ou físico. Uma de cada dez pessoas que sofreram um traumatismo e procuraram uma Unidade de Pronto Atendimento tiveram sua lesão provocada por violência doméstica. Muitas lesões ocorrem por se colocar em situações susceptíveis, ou se negligenciar em situações de perigo, ou ao estar desatento da atividade em execução ao estar “em outro local” em um conflito interior. Por exemplo, pacientes adultos maiores de vinte anos com desordens do humor têm uma chance de uma em trinta de sofrerem uma fratura da coluna, idosos maiores de 65 anos com fratura por osteoporose e dor crônica têm uma probabilidade trinta por centro maior de suicídio em relação à população, o mesmo ocorrendo de forma geral nas doenças debilitantes, nas fraturas do quadril comuns nos idosos, mormente quando se associam a Depressão e a Solidão.

Certas fraturas levantam suspeição imediata da possibilidade de que o mecanismo causador tem como causa subjacente uma desordem psicológica, tal como ocorre em cinquenta por cento das fraturas do calcâneo, e na assustadora cifra de cem por cento das fraturas do colo do V metacarpo na mão, autoprovocada, quando se dá um soco em uma superfície dura, em um momento de raiva ou agressão, e a mão é quebrada. Quinze por centro de todos os traumatismos ocorrem na mão e este modelo perfaz um quinto das ocorrências. O perfil típico é um homem jovem entre quinze e 35 anos, porém, um terço dos casos ocorre em mulheres. A constatação da falta de maturidade para lidar com as frustrações levando a lesões autoimpingidas, ou a facilitação para que ocorram são aspectos médicos e sociais profundos. O uso do álcool, tabaco, e drogas para amenizar o estresse quotidiano é uma condição que permeia a sociedade, mas que não pode passar desapercebida. As crianças também não passam sem serem notadas no exame ortopédico, pois setenta por cento das que apresentam lassidão ligamentar (uma condição em que as juntas têm uma amplitude muito além do normal) têm desordem de ansiedade que necessita de cuidados especializados. Também, uma em cada cinco mortes em crianças são causadas por ocorrências de veículos em que adultos estavam dirigindo, demonstrando a responsabilidade dos vários fatores causais, quer sejam eles valores culturais ou condições intrínsecas das vias, pois uso de cinto de segurança, velocidade do veículo, obediência às regras de trânsito, condições de circulação do automóvel, e juízo e lucidez do condutor são “escolhas” de quesitos bem conhecidos.

O custo social onera a todos. É representado pelas situações que levam ao uso da Saúde Pública, afastamento do trabalho pela Previdência Social, perda horas-homem de trabalho para a nação, sequelas definitivas, mas principalmente sofrimento para o indivíduo alterando sua Qualidade de Vida, e para os que estão à sua volta. Demonstram sobejamente a força do impacto da Saúde Mental na sociedade. A contribuição de cada um começando por construir a paz consigo mesmo, e depois com quem está ao lado é um caminho de aprimoramento pessoal que dura toda a vida. Viver em harmonia é um dom que pode ser aprendido.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas